A ordem do Supremo Tribunal Federal (STF) — por meio de liminar do ministro Edson Facchin — para que o Rio solte menores de unidades de internação superlotadas pode dar liberdade a infratores que cometeram crimes graves. Para cumprir a medida, cerca de 560 jovens devem ir para as ruas, mostrou reportagem do GLOBO deste domingo.
Em quase 80% dos casos, os adolescentes cometeram atos infracionais com uso de violência ou grave ameaça. Desse total analisado, 176 são de menores condenados por roubo, sete por homicídios e sete por latrocínios.
A decisão de Facchin de esvaziar unidades com lotação acima de 119% da capacidade — o que também vale para Espírito Santo, Bahia e Ceará — evidencia o colapso do sistema prisional brasileiro.
A falta de estrutura familiar é outro ponto de preocupação. A juíza Vanessa Cavalieri, titular da Vara da Infância e da Juventude da capital, observa que 89% dos jovens apreendidos em flagrante em 4.842 processos, entre janeiro de 2017 e dezembro de 2018, eram de famílias monoparentais femininas. Nelas, não existe a figura do pai, e a mãe trabalha para sustentar a prole de, no mínimo, três filhos.
Tudo nessa notícia é triste e bizarro, e mostra a complexidade do fenômeno. Para começo de conversa, falta prisão. A esquerda gosta de repetir que é preciso investir em educação, mas além de o modelo de ensino atual ser uma porcaria, não há essa ligação causal direta, até porque vários traficantes cursaram escolas e até universidades.
Há restrições orçamentárias, mas a única solução é mesmo construir mais prisões. Soltar bandidos perigosos nas ruas é o caos, mais ainda, no país da impunidade. Mas fechar os olhos para a superlotação desumana tampouco é razoável, como faz certa ala da direita, a mesma que costuma aplaudir linchamento de marginal.
Por fim, há essa questão da falta de estrutura familiar, apontada por vários conservadores. O psiquiatra britânico Theodore Dalrymple tem vários livros sobre o assunto. Os “progressistas” acham lindo falar em mães solteiras, imaginando Madonna ou Jane Fonda, mas nas periferias a realidade é outra, bem diferente.
O custo social dessa ausência do pai em casa é enorme. Muitos acreditam que é o principal fator que explica desigualdades salariais entre brancos e negros americanos, por exemplo, já que mais de 70% dos filhos negros nascem fora do casamento. É preciso construir mais prisões, reduzir a impunidade, e fortalecer os laços familiares e o casamento. Não há bala de prata aqui.
Rodrigo Constantino
Ricos na mira: como os governos pretendem aumentar a taxação da alta renda
Avanço modesto em acordo para regular emendas expõe briga por poder e verbas federais
Como o Brasil deve chegar à maior alíquota de imposto do mundo; ouça o podcast
“Moraes se confunde na ânsia de poder”, diz advogado de Tagliaferro
Inteligência americana pode ter colaborado com governo brasileiro em casos de censura no Brasil
Lula encontra brecha na catástrofe gaúcha e mira nas eleições de 2026
Barroso adota “política do pensamento” e reclama de liberdade de expressão na internet
Paulo Pimenta: O Salvador Apolítico das Enchentes no RS
Deixe sua opinião