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Vitória do McDonald's contra o paternalismo estatal
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Por acaso almocei hoje no McDonald’s. Tinha que ir no “summer camp” da minha filha ver uma apresentação e não tinha tempo para cozinhar. Foi o jeito: encarar aquelas deliciosas calorias e depois tentar compensar na academia. Fiquei um tanto espantado, porém, com a lanchonete vazia em pleno horário de pico do almoço. Pensei: “Pode ser um caso isolado, mas também pode ser o efeito de tanta propaganda contra o junk food num país com muitos obesos”.

Como muitos sabem, a campanha por uma alimentação mais saudável é liderada aqui por ninguém menos que a primeira-dama, não exatamente um ícone da elegância slim. Não fui checar, por um misto de preguiça e desinteresse, se as vendas gerais do McDonald’s estão subindo ou caindo.

Mas fiquei feliz ao ler na coluna Radar, de Lauro Jardim, sobre a decisão da Justiça brasileira envolvendo o McDonald’s e o instituto Alana, aquele dos herdeiros do Banco Itaú que quer controlar cada vez mais o que os nossos filhos podem ou não ver na televisão. Eis a notícia:

O desembargador Fermino Magnani Filho, do TJ-SP, deu fim anteontem a uma sucessão de recursos e tentativas do Procon e do Instituto Alana de multar o McDonald’s em 3,3 milhões de reais por acreditar – veja só – que a rede não deveria fazer propaganda de  seus produtos.

A saga judicial, que começou em 2010, por causa de uma das campanhas do McLanche Feliz, foi anulada pelo TJ por três votos a zero.

O molho da decisão veio do texto do relator, que se baseou em quatro premissas: a sociedade brasileira é capitalista; cabe à família dar a boa educação aos filhos; crianças bem educadas saberão, certamente, resistir aos apelos consumistas. E, finalmente, o Estado não pode sobrepor-se às obrigações familiares de forma paternalista.

Segundo ainda o desembargador, “ao defender o fim de toda e qualquer comunicação mercadológica que seja dirigida a crianças”, o próximo passo do Alana será a “reivindicação de censura publicitária a outros grupos tido como vulneráveis como idosos, gestantes, vestibulandos, etc”.

Parabéns ao desembargador Fermino Magnani Filho! Faltam mais tomadores de decisão com essa mentalidade. Já cansei de escrever aqui sobre o paternalismo estatal, e confesso ficar estarrecido com essa simbiose entre burocratas e políticos com sede por controle e poder e pais que delegam cada vez mais a responsabilidade de educar seus filhos. O resultado desse casamento é o avanço do estado sobre nossas vidas, seu agigantamento sem limites, pois respaldado pela paz de consciência de que todo autoritarismo é feito em nome do nosso próprio bem.

Os sanduíches do McDonald’s são tentadores mesmo, admito. E para uma criança, o pretexto de levar junto um brinquedo pode ser irresistível. Mas até a última vez que chequei, ainda eram os pais que tinham o “voto de Minerva”, o poder de decisão. Se depender de minha filha, ela vai no Starbucks todo dia (já passou da fase do McDonald’s e prefere a lanchonete teen número um do mundo). Mas minha filha, com seus 13 anos cheios de marra, ainda depende de mim, da minha mesada e minha aprovação para fazer as coisas.

Quando será que os pais vão compreender a importância de um poderoso “não” aos seus filhos, impondo uma coisa fundamental para a educação de seres maduros chamada limite?

Rodrigo Constantino

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