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Bolsonaro levantou bola para oportunistas, mas não defendeu intervenção militar
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É incrível a capacidade do presidente de se boicotar! O centrão planeja um golpe, conforme disse Bolsonaro e também Roberto Jefferson? Pode até ser. Mas qual a forma mais equivocada de reagir? Participar de uma manifestação que conta com gente pedindo a volta do AI-5. Era tudo o que Rodrigo Maia e Gilmar Mendes precisavam para bancar os democratas em defesa da Constituição.

Os que atacam Roberto Jefferson estão atirando no mensageiro. Ele não vira santo por denunciar golpe. A mensagem em si precisa ser analisada. Foi ele quem primeiro denunciou o mensalão, lembram? Pode ser tudo fantasia, exagero, tese conspiratória? Pode, sem dúvida. Mas os que passaram a idolatrar Maia só para detonar Bolsonaro serão cobrados por isso na frente.

A verdade é que tem muito oportunista na lista dos indignados. Muitos se apressaram para repudiar o suposto flerte do presidente com aventuras autoritárias, mas não foi exatamente isso que aconteceu. Na transcrição da fala de Bolsonaro não há qualquer defesa de golpe. Ele lembra que o poder emana do povo e que não haverá negociação com representantes da velha política, ou seja, "chega de patifaria".

Isso não é sinônimo de pedir o fechamento do Congresso. Tem uma turma de "radicais de centro" forçando a narrativa para comparar Bolsonaro ao chavismo, o mesmo pessoal que sequer assume que a Venezuela fracassou por ser socialista. Mas se Maia tentar mesmo mudança nas regras para um terceiro mandato à frente da Câmara, quem se parecerá mais com Chávez?

Um jornalista do Globo disse que havia um encontro entre Maia e outras autoridades neste domingo para falar sobre Bolsonaro. O presidente da Câmara negou a informação. E nós ficamos aqui desesperados sem saber em quem acreditar: Globo ou Maia? Qual dos dois tem menos credibilidade no momento? Ó, dúvida cruel...

E não é só o jornal carioca, ou então a Folha de SP, que já virou piada por escancarar a torcida do contra. O Estadão também embarcou em narrativas falsas, como podemos ver:

Isso é Fake News! Não queremos negociar com a velha política, disse o presidente. O ato não era em si pró-ditadura: tinha uma minoria falando em AI-5. E hoje o presidente já rechaçou publicamente um apoiador que gritou sobre intervenção militar, alegando que o Brasil é uma democracia. Pura distorção para encaixar na narrativa ideológica e partidária do jornal...

Claro que não pega bem o presidente participar de uma manifestação que conta com minoria defensora de golpe autoritário. Mas isso não faz do presidente um golpista, como espalham vários que, esses sim, conspiram contra o presidente. Bolsonaro é detonado diariamente e isso não é visto como ataque à Presidência, como instituição.

O mesmo vale para críticas a Maia, Alcolumbre ou ministros do Supremo. São legítimas e não significam ataques às instituições, mas aos seus representantes. Pode até ser o contrário: criticar Maia pode significar a defesa do Congresso!

O clima está tenso, Bolsonaro esticou demais a corda, e a governabilidade fica ameaçada à frente. Mas isso não é culpa apenas do presidente. Não há mais espaço para "negociatas", e sabemos que é isso que muitos querem ali. No mais, o presidente chama a atenção, de sua forma atabalhoada, para algo importante que vem sendo ignorado: o aspecto econômico.

Passeatas aqui nos Estados Unidos também defendem o direito de trabalhar. Não são egoístas ambiciosos; são pequenos proprietários e trabalhadores desesperados. É moralmente abjeto acusar essa gente do conforto de um belo apartamento com reservas financeiras e emprego estável...

Matt Walsh, um verdadeiro conservador cristão, toca na ferida: quem critica os manifestantes que pedem fim da quarentena deveria informar, antes, se continua ou não com suas rendas. Uma informação importante para avaliar o contexto dessa postura intransigente (e, muitas vezes, hipócrita). A turma da "quarentena gourmet" tem demonstrado incrível insensibilidade para com os mais pobres, exatamente como a elite fez na época da peste bubônica. Ela ia para suas propriedades rurais pregar quarentena entre vinhos bons enquanto os mais pobres morriam contaminados nas cidades.

Bolsonaro, portanto, tem um ponto. Mas a ala bolsonarista mais radical faz um enorme mal ao movimento de direita no país. As cenas de gente pedindo intervenção militar ou agredindo esquerdistas são profundamente lamentáveis.

As imagens do covardão “cristão e patriota” agredindo uma mulher de vermelho são vergonhosas! Um só imbecil, é verdade. Mas precisa ser duramente condenado por todos, pois isso é inaceitável sob qualquer prisma. Essa turma causa mais estrago ao conservadorismo do que qualquer petista poderia sonhar...

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