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Estadão sai em defesa do “centrão” e da esquerda como solução política
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Os conceitos são conhecidos. Temos, por exemplo, o "ódio do bem", aquela turma que adoraria meter uma bala na nuca de "fascistas", mas que são "fofos" e tolerados pela mídia, pois, afinal, são socialistas e querem matar só direitistas toscos. Ou então a "direita permitida", aquela que, na prática, é uma esquerda mais refinada, com perfume francês.

Lembrei disso ao ler o editorial do Estadão de hoje. O jornal recomenda a política como vacina para a polarização de hoje. Há, segundo o jornal, um grande vilão nessa história toda, aquele que impede um debate civilizado. Sim, acertou: Jair Bolsonaro. Ele é o veneno da política! Sem ele, haveria somente conversas civilizadas num chá das cinco, entre Lula e Doria...

O jornal começa invertendo as coisas, alegando que Bolsonaro é quem dissemina medo do caos, sendo que o presidente reclama justamente da histeria de todos, defendendo a volta à normalidade o quanto antes. Diz o Estadão:

O risco não é desprezível. A rede bolsonarista, com o próprio presidente Jair Bolsonaro à frente, dedica-se diariamente a atacar as autoridades que assumiram a responsabilidade de enfrentar a epidemia com medidas duras de restrição econômica e isolamento social. A intenção é disseminar o medo do caos, de modo a criar uma atmosfera favorável a soluções liberticidas. 

Mas opa! Não é Bolsonaro quem diz que não pode vetar o cidadão de ir à praia, que isso não é uma ditadura? Não são Doria e Witzel os que adotaram medidas mais drásticas e autoritárias, com o discurso de que, sem elas, haverá o caos? Como que liberticida é aquele que quer liberar as pessoas para circular, e não os que desejam impor confinamento pleno e até prender pequeno comerciante que tenta sobreviver?

Mas falta diálogo, articulação, diz o jornal. E como exemplo de mudança positiva, eis que o editorial cita o afago trocado entre Doria e... Lula! Isso mesmo! Bolsonaro não presta, é o Capeta em pessoa, um autoritário incivilizado. Temos que conversar com... Lula!!! O mesmo que roubou o país, nos levou na direção da Venezuela, cujo ditador ele defende até hoje. Diz o editorial:

Um exemplo recente disso foi a reação do governador de São Paulo, João Doria, a um elogio maroto feito pelo ex-presidente Lula da Silva, um de seus maiores rivais, a respeito de sua atitude firme na crise. É evidente que Lula só estava interessado em usar Doria como escada para atingir Bolsonaro, mas mesmo assim o governador paulista não deixou passar a oportunidade para enfatizar a necessidade de união de forças distintas: “Temos (Doria e Lula) muitas diferenças, mas agora não é hora de expor discordâncias. O vírus não escolhe ideologia nem partidos”, escreveu o governador no Twitter.

Deixa eu enxugar uma lágrima de emoção que escorreu aqui... Que fofo! Então vamos deixar ideologia de lado, desde que seja para atacar Bolsonaro? Mandetta, Moro, Guedes, Teresa, Pontes, Marinho, Tarcísio: representantes do "obscurantismo"; Boulos, Lula, Freixo, Jandira, Ciro Gomes, Gleisi, Stédile: iluministas seculares humanistas! E os "isentões" fecham com o segundo grupo, não vamos esquecer...

E a esquerda toda está unida para festejar essa "união". Não é hora de expor discordâncias com a ditadura comunista chinesa! Não é hora de expor discordâncias com Lula, com Freixo, com Boulos! Não é hora de apontar para o viés escancarado de militantes disfarçados de jornalistas! Não entenderam que é hora de só atacar Bolsonaro? E aqui chegamos ao cerne da questão:

Para o cientista Marco Aurélio Nogueira, o comportamento hostil de Bolsonaro isola o presidente e reforça o protagonismo do Congresso, que já se verificava antes mesmo da epidemia, além de estimular as forças democráticas – liberais, social-democratas e da esquerda moderada – a “encontrarem um eixo programático de articulação”. É o que acontece em democracias maduras diante de crises profundas como a que atravessamos. “Essa possibilidade de articulação será o principal antídoto contra o acirramento das relações institucionais e sociais”, disse o professor Marco Aurélio Nogueira.

Entenderam? Articulação de "liberais" (faltaram as aspas ali), social-democratas e esquerda "moderada", que, imagino, deve ser da Rede ao Ciro Gomes para o jornal. Todos são muito bem-vindos nessa "articulação", com o intuito de eliminar ele, o único veneno da política nacional, Jair Bolsonaro.

Sem ele, teríamos um Congresso decente, sem mensalão, voltado para os interesses do povo. Sem ele, teríamos trocas de amor, e não farpas, entre Ciro e Lula, entre Lula e Doria, entre Doria e Ciro. Eliminar Bolsonaro, eis a solução! Conclui o editorial:

É esse o grande esforço que o País deve empreender hoje: superar a polarização que tanto tem marcado o ambiente político desde a campanha presidencial de 2018 e reavivar a política civilizada, reaprendendo a ouvir vozes divergentes e a aceitar o que a maioria decidir, dentro das regras democráticas e com respeito às instituições. Isolar Bolsonaro não basta; é preciso desmoralizar a ideologia deletéria que o sustenta. 

Entenderam por que passei a defender mais o governo? Na verdade, por que passei a atacar mais seus detratores? Pois sinto cheiro de golpismo esquerdista a milhas de distância! Pois não tenho vocação para ser idiota útil de socialista! Pois não aceito os limites impostos pela patota hegemônica, que quer manter a "conversa" restrita da extrema esquerda à esquerda mais light, com a participação comprada do centrão fisiológico.

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