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Indústria se recupera, economia deve crescer bem mais esse ano, e Temer não é o “pai da criança”
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Começamos o ano com essa boa notícia: A indústria da transformação, setor que tradicionalmente emprega mais mão de obra formal e com salários acima da média do mercado, começou a reagir no segundo semestre do ano passado e somou um total de 10,7 milhões de empregados, o melhor resultado desde 2015 -- quando havia 11,5 milhões de funcionários.

Os segmentos que mais contribuíram com a alta de 1,3% em relação aos números de 2018 foram os de alimentos, têxteis e manutenção, reparação e instalação de máquinas e equipamentos. Juntos, abriram 189 mil vagas com carteira assinada até o terceiro trimestre.

No segmento de máquinas e equipamentos, a melhora veio com a alta dos investimentos, movimento que não ocorria há pelo menos cinco anos. “O Brasil foi sucateado entre 2013 e 2018 e em 2019 começou uma recuperação tímida”, afirma o presidente executivo da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), José Velloso. Segundo ele, o emprego também está reagindo e as fábricas devem contabilizar 10 mil novas vagas em 2019. Para este ano, serão mais 15 mil a 20 mil.

É importante não esquecer do cenário de terra devastada deixado pelo PT. Em editorial de hoje, o GLOBO reconhece que esse ano poderemos interromper o ciclo de más notícias, uma herança maldita petista:

A economia ensaiou uma reação no início de 2017. Parecia que, como em crises anteriores, o PIB bateria no chão e subiria em ritmo firme. Mas não aconteceu. No biênio 2015/16, o Brasil mergulhou na mais funda recessão de que se tem notícia no pós-guerra, de mais de 7%.

Devido às barbeiragens fiscais cometidas por Dilma Rousseff. Seja como chefe da Casa Civil do segundo governo Lula, quando inspirou um desastroso “pé no acelerador”, seja como presidente, quando insistiu no erro. Até sofrer impeachment em 2016, ao atropelar a Lei de Responsabilidade Fiscal.

[...] Esta é a boa notícia para 2020: o crescimento está acelerando. Mesmo os movimentos débeis nos subterrâneos da economia vêm conseguindo criar empregos. Boa parte informais, de baixos salários, mas capazes de aumentar a massa salarial.

[...] O último relatório Focus de 2019, feito pelo Banco Central, a partir da mediana das expectativas de analistas do mercado coletadas no dia 27, sexta-feira, confirma um cenário otimista para 2020: crescimento de 2,30% — 2,22% há quatro semanas — e uma inflação sob controle, em 3,6%, abaixo da meta, que é de 4%.

Deixamos o pior para trás, vimos um ponto de inflexão, e agora é preciso intensificar a agenda de reformas. O jornal carioca conclui com esse alerta, que nos impede de comemorar demais o que vimos até aqui: "Mas ainda há 11,9 milhões de desempregados. Falta muito para a economia se reequilibrar e não ser apenas uma retomada cíclica. Para novos avanços, é certo, precisa-se retomar as reformas. O impulso dado pelas mudanças na Previdência tem prazo para acabar".

Está certo. É crucial seguir nas mudanças. Temos a reforma administrativa do estado, a reforma tributária, a autonomia do Banco Central, mais abertura comercial, mais revogação de normas burocráticas, muito ainda a ser feito. William Waack aposta nesse prognóstico positivo, admitindo desafios grandes à frente:

A economia vai andar melhor, o que é pouco para o grande desafio de um País aprisionado na armadilha da renda média. A onda disruptiva de 2018 partiu-se em suas diversas correntes, o que promete um cenário político “estável” no fracionamento das forças políticas e, portanto, na incapacidade de um só grupo se afirmar como dominante. O esforço de levar adiante reformas será grande e caminhará de forma lenta tanto pela notória resistência oferecida pelas corporações que tomaram o Estado brasileiro mas, em boa medida, também pela opção política do governo de não consolidar uma base tipo “tropa de choque” no Congresso. 

Será turbulento. Apertem os cintos e um bom voo para todos nós em 2020. Turbulência não costuma derrubar avião.

Nada no Brasil costuma ser suave. Os "monstros do pântano" são muitos, a velha esquerda que sempre lutou contra avanços, os grupos organizados de interesse que se recusam a perder boquinhas estatais, os sindicalistas jurássicos, os servidores públicos em busca de privilégios etc. Mas há forte pressão popular e um clima favorável a tais mudanças modernizantes. Tanto que a coisa começou ainda na gestão Temer. O ex-presidente tenta, com razão apenas parcial, trazer para si os méritos dos avanços:

O governo vai indo bem porque está dando sequência ao que fiz. Peguei uma estrada esburacada. O PIB estava negativo 4%. Um ano e sete meses depois o PIB estava positivo 1.1%, além da queda da inflação e da recuperação das estatais. Entreguei uma estrada asfaltada. O governo Bolsonaro, diferente do que é comum em outros governos que invalidam anterior, deu sequência. Bolsonaro está dando sequência ao que eu fiz.

É verdade que foi em seu governo tampão que o país iniciou o processo de reformas, e "a ponte para o futuro" foi um documento razoável produzido pelo MDB. Um senso de sobrevivência para salvar a galinha dos ovos de ouro falou mais alto após a desgraça petista, da qual, vale lembrar, Temer e seu MDB foram cúmplices.

Também é verdade que uma reforma previdenciária mais tímida, mas razoável, quase foi aprovada em seu governo, e teria sido não fosse o escândalo do Joesley Batista e aquela gravação armada promovida pelo então PGR Rodrigo Janot. Aquilo interrompeu a agenda reformista e Temer seguiu como pato manco pelo restante do governo.

Mas calma lá! Se, em nome da justiça, podemos reconhecer algum papel de Temer nas mudanças ocorridas, também é fundamental, em nome da mesma justiça, reconhecer que foi no governo Bolsonaro que a coisa passou a mudar em ritmo mais veloz. Não só a reforma previdenciária foi finalmente aprovada, e com uma economia que representará o dobro daquela prevista pela reforma de Temer, como tivemos várias outras iniciativas de cunho liberal realizadas pela equipe de Paulo Guedes.

Temer não é o "pai da criança", portanto. Ele tem seus méritos, sem dúvida, como também não pode ser inocentado pelo apoio que deu, como vice-presidente, ao pior governo da história do Brasil. Mas foi com Bolsonaro que as mudanças mais importantes aconteceram. A César o que é de César. Sei o quanto deve doer em alguns "analistas" reconhecer isso. Mas continua sendo uma verdade...

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