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MBL: a maior de todas as decepções
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Por João Cesar de Melo, publicado pelo Instituto Liberal

Assim que soube da decisão do Ministro do STF Alexandre de Moraes de bloquear perfis de apoiadores de Bolsonaro nas redes sociais, fui ver o que o MBL tinha a dizer. Nada contra. Mais tarde, soube que um dos integrantes comemorou pelo Twitter a ação da Polícia Federal de busca e apreensão de celulares e computadores na casa de bolsonaristas influentes. Parece-me que foi o MBL que fez a lista dos alvos.

Precisamos nos lembrar que esse grupo ganhou a confiança de conservadores e liberais por se manifestar contra um governo que estava destruindo a economia e ameaçando cercear liberdades. Por isso, foram perseguidos e caluniados pela imprensa e pela esquerda. Foram chamados de fascistas, perseguidos covardemente. Tiveram suas vidas ameaçadas. Arthur do Val era constantemente agredido na rua. O gabinete de Fernando Holiday foi alvejado por tiros em seu primeiro dia na Alesp, mas seguiram em frente porque contavam com o apoio da direita que hoje eles insultam, milhões de pessoas que acreditaram no significado da sigla MBL: Movimento Brasil Livre.

O que vemos hoje?

O MBL faz contra grande parte de seus apoiadores de cinco anos atrás o que a imprensa e a esquerda fizeram contra ele. Kim Kataguiri chama de gado as pessoas que o colocaram na política. Outro dia, estava todo orgulhoso gravando uma live com Randolfe Rodrigues (ex-PSOL, atualmente na Rede), tratando do impeachment de Bolsonaro. Basta dar uma olhada no perfil dele e de todos os membros do MBL para ver que não há outro assunto. O país foi virado ao avesso pela quarentena, dezenas de milhões de pessoas tiveram seus empregos destruídos e suas liberdades fundamentais cerceadas por decreto, mas os integrantes do MBL só têm uma coisa na cabeça: o impeachment de Bolsonaro. É a solução que eles têm para o Brasil.

No ano passado, o mesmo Kim já havia declarado que não via problema em se aliar com a esquerda. Hoje, não vemos mais diferença entre o PSDB e o MBL. Viraram concorrentes do PT na luta pelo poder, não oposição. Nessa campanha, se comportam como qualquer partido político: zero escrúpulos para destruir adversários, mesmo que o maior prejudicado seja o povo.

Lembro-me do quanto o MBL reclamava do clima de “nós contra eles” promovido pelo PT. Agora, é ele que o promove.

Lembro-me do MBL agindo contra os ataques da esquerda a eventos e pessoas da direita, indignando-se com a exclusão de páginas e de sites de apoio a Bolsonaro na época da eleição.

Lembro-me do MBL defendendo liberdade de expressão, sendo contra qualquer tentativa de controle da internet.

O que vemos hoje?

Ninguém do lado de cá quer ver o MBL “passando pano” para Jair Bolsonaro. O presidente e sua base são merecedores de muitas críticas; mas o que o grupo faz é uma oposição obsessiva, antirrepublicana, irresponsável e nada construtiva. Não se importou com os alertas de economistas de que a crise resultante da quarentena provocaria muito mais danos do que a epidemia. Seleciona os princípios liberais a serem defendidos em função de conveniências políticas. Rejeita tudo o que possa estar em concordância com o presidente da república. Ajuda a imprensa na campanha de desinformação sobre a quarentena e sobre a cloroquina. Continua indiferente às arbitrariedades de prefeituras e governos estaduais. Atua na campanha de desestabilização política, com clara intenção de provocar reações intempestivas do governo e de seus apoiadores.

A exemplo do PT, o MBL constrói narrativas estapafúrdias para dizer que Bolsonaro é o culpado pelo caos econômico e pelas mortes por covid-19. Incorpora o cinismo socialista − chame os outros do que você é, acuse os outros do que você faz.

Ontem, João Dória anunciou seu programa de “flexibilização” da quarentena, composto por nada menos que 60 protocolos e 500 diretrizes, uma peça dantesca de controle social e econômico que prolonga o sofrimento da população. Procurem alguma crítica do “liberal” Kim Kataguiri.

Está para ser votado no Congresso um pacote de medidas contra fake news. Se for aprovado, caberá ao estado definir o que é verdade e o que é mentira, algo que só se vê em ditaduras. Qual a posição do Kim?

Pois é…

O MBL era a esperança de muita gente por uma política melhor, comprometida com a liberdade. Eu mesmo publiquei alguns artigos no Instituto Liberal defendendo-o. No entanto, o que vemos hoje é um grupo mais parecido com a UNE do que com aquele movimento que organizou as manifestações pelo impeachment de Dilma. O MBL mostra-se cada dia mais comprometido tão somente com seus próprios interesses políticos. Mesmo tão jovens, seus integrantes já se mostram como políticos sem caráter, dispostos a fazer qualquer coisa, a passar por cima de qualquer um, para conquistar o poder.

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