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A ação popular apresentada no fim de abril por deputados do PT contra Sergio Moro, acusando-o de causar prejuízo ao patrimônio público, à economia do país e à Petrobras, tem natureza política e deveria ser rapidamente rejeitada. É a visão de juristas consultados pela Gazeta do Povo, que apontam vários vícios processuais e no próprio mérito da ação.

Nesta terça-feira (23), o juiz federal Charles Renaud Frazão de Morais, sorteado para analisar o caso, citou Sergio Moro para que se manifeste acerca das acusações. O Ministério Público Federal também foi intimado para acompanhar a ação, e deverá, com seu parecer, avaliar se é o caso de produzir mais provas para o processo e opinar pela responsabilização ou não de Moro.

Sejamos claros: a ação "popular" do PT é ridícula! Um grau de inversão total de valores. O próprio ex-juiz se manifestou a respeito: "A inversão de valores é completa: Em 2022, o PT quer, como disse Geraldo Alckmin, não só voltar à cena do crime, mas também culpar aqueles que se opuseram aos esquemas de corrupção da era petista. A ação popular proposta por membros do PT contra mim é risível".

Moro está certo nisso. Ele é claramente perseguido pelo PT, que precisa de uma narrativa bizarra que coloque Lula como vítima e todo o sistema judicial que o condenou como "suspeito" ou "corrupto". E foi nesse clima que tive minha primeira oportunidade de entrevistar Sergio Moro, no Jornal Jovem Pan desta terça.

Mas se Moro é, de fato, uma vítima nesse caso, ele se perdeu completamente em suas próprias narrativas políticas. Eu dei a oportunidade a ele, por exemplo, de reparar suas acusações contra o atual presidente, lembrando que ele chegou a tecer elogios ao PT só para atacar o ex-chefe na questão da interferência na Polícia Federal. Moro tem agido como os tucanos no esforço de criar uma falsa equivalência moral entre Lula e Bolsonaro. Levantei a bola, mas Moro saiu pela tangente.

E assim fez em todas as perguntas. Ricardo Salles quis saber se ele se arrependia de ter saído da magistratura para a política, e Moro tergiversou. Depois disse que se coloca à disposição do partido, lisongeado com as pesquisas para o Senado. Ele chegou a publicar no Twitter: "Agradeço ao povo paulista pelos 20% de intenções de voto para mim ao Senado Federal, na pesquisa da Real Big Data de ontem. Seria uma honra representar esse Estado". Só que não faz muito tempo o mesmo Moro disse que não havia a menor possibilidade de abandonar a corrida presidencial para disputar o Senado...

Assim tem sido o Moro político: escorregadio demais, feito um linguado. Diz uma coisa e faz outra. Alimentou uma narrativa contra o atual presidente no afã de tomar seu lugar, mas se vangloria de sua passagem pelo ministério. Foi, aliás, a introdução de outra pergunta minha: parabenizei o ministro pelos resultados que ele mencionara, e também seu chefe, o presidente Bolsonaro, que lhe deu autonomia para executar seu trabalho. Só essa breve menção já expõe toda a incoerência do discurso de Moro.

Em seguida quis saber se ele não achava tímidas demais suas críticas ao ativismo do STF. Moro disse que não, que faz críticas "duras", mas que respeita muito a instituição, os ministros, e é contra "ataques pessoais". Postura de tucano, uma vez mais, quando todo brasileiro atento já sabe que alguns ministros agem como advogados petistas, militantes políticos, e isso é inaceitável para o cargo que ocupam. Falta estamina, testosterona e coragem ao Moro político.

Não tive tempo para mais perguntas. Pena. Queria saber se ele estava arrependido por apostar tanto nos moleques oportunistas do MBL, por exemplo. Saí da entrevista com um sentimento melancólico, lembrando de como já admirei o juiz Moro, como cheguei a prever o fim trágico do governo Bolsonaro após sua saída da forma que foi, aguardando a "bala de prata" que nunca veio. Moro foi uma enorme decepção. Sim, cheguei a trata-lo como herói nacional, como milhões de brasileiros. E ali na entrevista vi apenas um político evasivo, politicamente correto, inseguro, sem rumo. Foi constrangedor...

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