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Não se faz mais fascista como antigamente!
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Bolsonaro é um fascista. Ao menos é isso que extraímos da histeria dos "radicais de centro" e de boa parte da mídia. E qualquer fascista que se preze, que mereça tal rótulo, jamais desperdiçaria uma crise de pânico como esta produzida pelo coronavírus. É a deixa perfeita para avançar com o estado totalitário ao arrepio da lei, consolidando um estado policialesco em que cidadão se transforma em súdito.

Mas há um problema aqui: o presidente parece ir à contramão desse caminho lógico para um fascistoide. Ele tem reduzido o risco do vírus comunista chinês, tem combatido a histeria, tem alertado para os custos econômicos incalculáveis numa paralisação total, e tem criticado os governadores que abusam de seus poderes.

Se as medidas drásticas de alguns desses governadores se justificam ou não, eu realmente não sei. Mas de uma coisa eu sei: se fosse o governo federal adotando o mesmo caminho, seria acusado de autoritário fascista que usa a crise e o medo para destruir liberdades individuais.

Carlos Andreazza tem alertado para o risco do uso da crise para fins golpistas, e com razão. Vimos na Argentina, sob comando socialista, medidas realmente assustadoras, que asfixiam completamente as liberdades. Entende-se que, numa crise dessas, há um conflito, um dilema entre liberdades individuais e interesse coletivo. Alguém tem que ceder. Mas todo cuidado é pouco!

Não é por acaso que estatizantes sempre adoraram a metáfora ou a realidade de uma guerra: pois ela suspende preocupações cotidianas com o império das leis. Na "guerra contra a pobreza", vale tudo! O mesmo para a "guerra contra as desigualdades" ou, agora, a "guerra contra o inimigo invisível". Andreazza citou também o caso húngaro e mostrou preocupação com o Brasil:

É curioso, por um lado, pois o presidente Bolsonaro tem sido acusado justamente de negligência, de fazer pouco caso da gripe, de não seguir os passos mais duros e drásticos dos governadores. Vejamos um exemplo: ele não era um autoritário que quer censurar a imprensa e que aproveitaria a crise do pânico para seu projeto golpista? Mas vejam essa medida então:

O presidente Jair Bolsonaro editou neste domingo (22) um decreto incluindo a imprensa como atividade essencial que não pode ser paralisada pelas medidas de enfrentamento ao novo coronavírus. O decreto diz que as restrições impostas pelas ações de combate ao vírus não podem afetar o “exercício pleno” e o funcionamento das atividades e serviços relacionados à liberdade de imprensa, incluindo a circulação dos profissionais de mídia. O texto reconhece, ainda, que os serviços de comunicação são considerados essenciais no fornecimento de informações à população e dão efetividade ao princípio constitucional da publicidade em relação aos atos praticados pelo Estado. O decreto foi publicado em edição extra do Diário Oficial da União. Na última sexta-feira (20), o presidente havia editado um primeiro decreto considerando outros serviços e atividades como essenciais.

Como não canso de repetir, é preciso separar retórica do presidente de ação do governo, caso contrário a análise será totalmente equivocada. Bolsonaro ataca as instituições com frequência, mas vejam só: são os governadores que avançam sobre poderes federais, não o contrário! Bolsonaro briga com vários jornalistas, mas eles seguem com total liberdade para exercer sua profissão, muitas vezes com claro viés militante contra o governo, e ainda foram considerados essenciais por decreto da própria União!

Sei que existe uma ala radical e meio golpista até no bolsonarismo. Não nego e sempre condenei essa turma. Mas minha principal crítica aos "radicais de centro" é que passaram a tomar o todo por essa parte podre, e não olham mais o que o governo de fato faz, caindo em histerias com base no que o presidente ou alguns bolsonaristas dizem. Não entenderam a guerra das narrativas e a importância disso para o presidente, em que pese um governo técnico, com vários ministros bons e com autonomia.

Não há outra conclusão possível até aqui: não se faz mais fascista como antigamente!

Em tempo: sei que não se pode mais criticar o PT, pois os "radicais de centro" só aceitam ataques a Bolsonaro hoje. Mas cabe perguntar: o que um governo lulista estaria fazendo num momento desses? Podem ter certeza de que as liberdades já teriam desaparecido. A turma golpista, afinal, tomou medidas concretas contra as instituições em tempos de paz e abundância, imagina o que faria nesse pânico atual...

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