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O jornalismo no Brasil (parte VII): Paulo Francis – do trotskismo ao capitalismo selvagem
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Por Ianker Zimmer, publicado pelo Instituto Liberal

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Paulo Francis nasceu no Rio de Janeiro em 2 de setembro de 1930. Estudou em um internato na Ilha de Paquetá, no primário, e o atual “Ensino Médio” cursou no Colégio Santo Inácio, em Botafogo. Desde novo foi apaixonado por cultura e arte, em especial por livros e teatro.

Daniel Piza (1970 – 2011) conta no perfil muito bem escrito sobre Francis que ele, quando jovem, tinha uma rigorosa rotina de leitura diária de seis horas. Os livros faziam parte de seu dia a dia. Seu sonho – ou um deles – era escrever um grande romance. Foi autor de Cabeça de Papel (1977) e Cabeça de Negro (1979), além, é claro, de diversos livros com ensaios e artigos, como A Segunda mais antiga profissão do mundo: jornalismo, política e cultura nos textos do maior polemista da imprensa brasileira, com artigos publicados na Folha de S.Paulo entre 1975 e 1990.

Antes de cursar literatura dramática na Universidade de Columbia entre 1954 e 1955, em Nova Iorque, estudou na Faculdade Nacional de Filosofia, no Brasil. Depois dos estudos nos Estados Unidos, voltou à terra natal e se dedicou ao teatro – o que completou seu arcabouço intelectual para a crítica teatral. Sua formação literária, no entanto, já era invejável.

Trotskista, usou sua habilidade de pensamento e crítica contra o regime militar no Brasil. Chegou a ser preso em dezembro de 1968 após o decreto do AI-5. É até tragicômico imaginar como se portou Paulo Francis em uma prisão…

Deixou para sempre a terra brasileira em 1971, com restritos retornos para visitas temporais. O destino foi Nova Iorque, onde escrevia para revistas. Assim foi até 1975, quando passou a ser correspondente da Folha de S.Paulo. Nesse mesmo ano, Francis casou-se com a jornalista Sônia Nolasco.

A vida nos Estados Unidos virou a ideia de mundo de Francis de cabeça para baixo. Aliás, o contrário: o jornalista teve seu pensamento alinhado com a verdade. Afinal, viver na terra ianque e ver a máquina capitalista gerando riqueza a pleno vapor faz qualquer indivíduo com o mínimo de sensatez repensar conceitos ideológicos errôneos – sobretudo os socialistas.

Francis se tornou um ferrenho defensor do capitalismo. Trótski ficou para trás. À frente, somente a liberdade da América que o seduzira. Chegou a classificar o esquerdismo como “masturbação ideológica” (com o que concordo plenamente).

Na Rede Globo teve seu auge, especialmente no Jornal da Globo. Seus comentários politicamente nada corretos angariaram fãs, mas também algozes – entre os quais alguns diretores da Petrobras, estatal a que Francis tecia críticas, defendendo sua privatização.

No YouTube estão disponíveis muitos vídeos de Francis no Manhattan Connection, assim como suas duas participações como entrevistado no Roda Viva, que podem e devem ser assistidos por todos, em especial pelos mais jovens que não o viram em vida.

Francis morreu em 4 de fevereiro de 1997, em Nova Iorque, vítima de infarto – a causa biológica de sua morte. O motivo real de sua partida foi outro: a injustiça. Francis foi assassinado psicologicamente. Seu corpo está enterrado no jazigo de sua família do Cemitério de São João Batista, no Rio de Janeiro.

Partiu cedo demais, mas nos deixou um legado intelectual imensurável, admirável.

Que saudade do Francis.

Waaal…

(Continua…)

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