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Qual a alternativa?
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O presidente Jair Bolsonaro afirmou que o senador Chico Rodrigues, do DEM, pego com dinheiro na cueca em uma operação da Polícia Federal, não faz parte de sua administração, apesar de ser vice-líder do governo no Senado. Aos apoiadores, Bolsonaro disse: "Vocês estão há quase dois anos sem ouvir falar em corrupção no meu governo". E acrescentou: "O meu governo são os ministros, as estatais e bancos oficiais".

Bolsonaro tem um ponto. Uma coisa é o núcleo do governo federal, outra, bem diferente, é a base parlamentar que o governo precisa montar para conseguir governar.  Muitos reclamavam que Bolsonaro tinha pouca articulação com o Congresso, diziam que ele não negociava, tentava governar por meio de pressão das ruas ou bancadas temáticas.

É curioso que quem temia um viés autoritário do presidente, acusando-o até mesmo de fascista que pretendia atropelar o Congresso, agora aponte o dedo para qualquer escândalo envolvendo algum parlamentar ligado à base do governo como se fosse culpa direta de Bolsonaro.

Ora, o Parlamento que temos foi eleito! O presidente precisa governar, tem reformas estruturais para aprovar, que dependem dos deputados e senadores. O que ele pode fazer? Como governar só com freiras e santos em nosso Congresso poluído? Qual partido grande não está com problemas? Os caciques do PSDB, por exemplo, estão todos encalacrados na Justiça. O DEM, do senador do dinheiro nas nádegas, é o mesmo partido de Rodrigo Maia, presidente da Câmara e queridinho da imprensa. Qual a real alternativa concreta?

Para essa pergunta realista, nunca temos uma resposta satisfatória daqueles que só querem detonar Bolsonaro, sem oferecer soluções práticas. Será que sentem saudades do mensalão e do petrolão do PT? Desejam a volta de um Congresso comprado pelo Executivo? Ou será que acham mesmo que é possível persuadir nossos congressistas com base em argumentos e senso patriótico, criando uma base somente com deputados e senadores limpinhos?

Trazer essas questões à tona é derrubar narrativas oportunistas, e daí o incômodo da oposição. Bolsonaro fez o que tinha de fazer: afastou o vice-líder, que deveria ter pedido para sair. Mas atacar o presidente o tempo todo é mais fácil do que governar um país complexo como o Brasil, não é mesmo?

Política não é ambiente para puristas românticos e ingênuos, e infelizmente pululam os corruptos. Quem for pego com batom – ou dinheiro – na cueca, deve ser punido. Mas esperar que seja possível formar uma base parlamentar de apoio só com políticos honestos, sem qualquer mancha no currículo, é viver no mundo de Nárnia, incompatível com a realidade. O Congresso não é um convento.

Artigo originalmente publicado pelo ND+

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