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Racha no PSL: bolsonaristas sabem dinamitar, não construir pontes
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A guerra interna no PSL ganha novos capítulos. Um grupo de deputados do partido fará pedido formal à direção para que sejam detalhados os gastos da primeira edição brasileira da Cpac (Conservative Political Action Conference), organizada por Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), em SP.

Usando o mesmo discurso dos aliados de Jair Bolsonaro, que cobraram análises das contas partidárias para intimidar Luciano Bivar, essa ala vai cobrar transparência sobre o uso do fundo partidário para bancar o evento. Segundo esses parlamentares, a conferência custou mais de R$ 1 milhão aos cofres da sigla e teria servido de palanque ao filho do presidente.

O PSL não poderia durar muito numa situação de tranquilidade mesmo. Era um casamento de pura conveniência, uma sigla de aluguel e um populista que investe no culto à personalidade e já passou por oito partidos em busca de um "aeroporto" para pousar nas eleições. Falta alinhamento ideológico, compromisso programático, confiança mútua etc. O racha era inevitável. A situação remete àquela famosa cena de "Bastardos Inglórios", no bar, em que todos começam a atirar em todos após momentos de tensão:

Para Fernando Gabeira, o principal motivo da disputa interna é pela grana mesmo. Em sua coluna de hoje no GLOBO, o ex-deputado retira qualquer romantismo da análise política, como deve ser feito:

Outro tema que me interessou foi a história de um possível racha no PSL. É o partido de Bolsonaro, e ele disse que é preciso esquecê-lo. Disse ainda que o presidente do partido estava queimado para caramba. É um partido que movimenta milhões. E brigas partidárias, apesar de sua natureza diferente, lembram separações conjugais: quem fica com o quê?

No nosso movimento estudantil, os rachas, quando aconteciam, sempre desfechavam uma disputa em torno do mimeógrafo. Bem mais poético que agora.

Não há grandes divergências ideológicas no PSL. Não há correntes de pensamento definidas. São indivíduos e suas carreiras políticas. Se houvesse espaço, avançaria em outro verbete da tosca enciclopédia: as bancadas eleitas pelo populismo. São heterogêneas, compõem-se de gente que expressa proximidade com o líder, repete um ou outro dos seus slogans, e pronto.

[...] A nova política não se cansa de me surpreender. Embora se diga defensora de valores tradicionais e prometa uma volta ao passado num mundo que se transformou profundamente, o seu tema central, no fundo, é o mais prosaico: dinheiro.

E essa tese é corroborada pela deputada Alê Silva, que deve deixar o PSL e ir para o Podemos. Ela chorou na Câmara na semana passada e disse que o próprio partido “só quer dinheiro” após ser destituída pela legenda da Comissão de Finanças e Tributação. Ela diz que sua retirada da comissão foi uma retaliação após anunciar a intenção de adiar a votação de um projeto que, segundo ela, beneficiaria pessoalmente o presidente da sigla, o deputado Luciano Bivar.

O PSL mais parece um saco de gatos, ou mesmo de ratos oportunistas. E, percebendo o enfraquecimento da base de apoio ao governo, os ratos profissionais do Centrão se movimentam, segundo o BR Político, para tirar uma casquinha:

A implosão interna do PSL, partido de Jair Bolsonaro, poderá causar um prejuízo extra ao governo. Líderes do Centrão querem aproveitar a briga para atrair para o seu lado os integrantes da ala que ficou irritada com os ataques de Bolsonaro ao presidente do partido, deputado Luciano Bivar (PE). Não se trata de filiar nenhum desses parlamentares. A ideia é alinhar esse grupo do PSL aos partidos do Centrão, isolando o grupo bolsonarista. Assim, espaços importantes do Congresso, como relatorias de projetos ou titularidade em comissões, seriam priorizados para o grupo do PSL ligado a Bivar, com apoio do Centrão.

O presidente Bolsonaro mandou "esquecer" o partido e disse que o presidente da sigla está "queimado"; seu filho Eduardo afirma que o Brasil não tem um partido conservador, durante evento bancado pelo PSL; o outro filho, Carlos, parte para o ataque desequilibrado ao senador Major Olimpio, que vem pedindo a saída de Flavio, o outro filho, do partido. O clima é de guerra. E não poderia ser muito diferente.

Os Bolsonaro são ótimos em dinamitar pontes. Cresceram na política de nicho declarando guerra a tudo e todos, comprando conflitos permanentes, investindo na cizânia geral. Por obra do destino, numa confluência de vetores improváveis, chegaram ao Palácio do Planalto. Quem achou que, uma vez lá, mudariam de postura, passando a construir as necessárias pontes para fazer um bom governo, nunca leu a fábula do escorpião. É da natureza deles partir para a briga, destruir.

Selecionaram o guru certo, o "filósofo" que sempre estimulou essa "cultura da ofensa". De onde menos se espera é que não sai nada mesmo. O governo Bolsonaro tem ótimos ministros, uma excelente agenda reformista liberal, e uma equipe brilhante em várias áreas, trabalhando duro pelo país. Não merecia depender tanto dos humores dessa família sem qualquer equilíbrio emocional...

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