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Macarrão japonês Konjac: 5 a 10 kcal a cada porção de 100 gramas | Albari Rosa / Gazeta do Povo
Macarrão japonês Konjac: 5 a 10 kcal a cada porção de 100 gramas| Foto: Albari Rosa / Gazeta do Povo

Depoimento

É bom demais para ser verdade

Confesso: sou uma exceção. Com 1,55m e 47 kg, nunca fiz dieta. Mas aceitei com curiosidade o desafio de provar o konjac. A primeira impressão não foi das melhores: os fios de macarrão branco dentro da embalagem com água não é das visões mais inspiradoras.

Em casa, segui o passo-a-passo do preparo e optei por fazê-lo em duas versões: com shoyu e com molho de tomate, ambos acompanhados por um pequeno filé de frango grelhado. Claro que tive que prová-lo também sem molho para saber se ele não tinha gosto algum mesmo. Comprovei: ele é realmente insosso.

O visual não é dos mais apetitosos e a consistência é de um alimento "borrachudo". Mas a experiência nem por isso foi ruim. Ao comer, percebe-se que o macarrão é mesmo rico em água – bastam alguns minutos para ele se desidratar e o prato virar quase uma sopa. Na boca, ele parece uma gelatina e não lembra nada um macarrão al dente.

Quanto à promessa de saciedade rápida, comigo não funcionou bem. Logo depois de comer, continuava sentindo fome. Alguns minutos depois, estava mais satisfeita, mas parecia que faltava alguma coisa. Não sei como seria se tivesse que comê-lo todos os dias, mas acho que, para perder uns quilinhos no verão, é uma boa opção. Mesmo assim, continuo com um pé atrás com o konjac: com apenas 5 a 10 kcal por porção, parece ser bom demais para ser verdade.

Rafaela Bortolin

Dicas

O que você precisa saber antes de comer o konjac:

- O que é: um tubérculo processado e cortado em tiras, como se fosse um macarrão.

- Preparo: as marcas nacionais vêm com o produto embalado em um saco plástico e imerso em uma solução. Para preparar, retire essa solução, escalde o macarrão com água quente (se quiser, adicione um pouco de shoyo e limão à mistura) e sirva acompanhado pelo molho de sua preferência. No caso das marcas importadas do Japão, o produto vem desidratado e precisa ficar de molho em água quente por mais tempo para ser consumido.

- Preço: Entre R$ 5 e R$ 15. Cada pacote rende entre uma e três refeições.

Em Curitiba, o Konjac pode ser encontrado no Mercado Municipal

Quem vê uma porção de macarrão konjac pode até não acreditar, mas está diante da nova sensação das dietas de emagrecimento no mundo todo. Motivo é o que não falta. Há algumas semanas, a apresentadora britânica Nigella Lawson causou surpresa por aparecer visivelmente mais magra. Em entrevistas, ela não revelou quantos quilos perdeu – comenta-se que seja algo entre 20kg e 30kg –, mas fez questão de anunciar que as medidas diminuíram depois que começou a ingerir porções de macarrão konjac (também conhecido como itokonnyaku).

A fórmula do "sucesso" é simples. Formado basicamente por água, o konjac, feito a partir de um tubérculo, tem pouquíssimas calorias – entre 5 e 10 kcal em cada porção – , poucos carboidratos e é rico em glucomanan, uma fibra que não é digerida e aumenta a sensação de saciedade.

"Em contato com a água, a fibra é hidratada e ganha mais volume. No estômago, ela ocupa mais espaço com porções menores, o que faz com que a pessoa se sinta saciada e demore mais para sentir fome novamente", diz a professora do curso de Nutrição da Universidade Tuiuti do Paraná (UTP) Andréa Tarzia.

Porém, engana-se quem pensa que esse "milagre" é exclusivo do konjac. "Esse efeito é obtido a partir da ingestão de qualquer alimento com fibras, como frutas, verduras, legumes, grãos e cereais integrais", esclarece a nutricionista e professora da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) Louise Saliba.

E Andréa alerta: não há qualquer comprovação de que o produto japonês realmente reduza tanto peso quanto no caso de Nigella. "O konjac ajuda, mas nem todo mundo vai perder 20kg com ele. Não existe milagre. Emagrecer exige uma alimentação saudável e prática regular de exercícios."

Sabor

Um dos problemas do konjac é a falta de sabor do produto. Por isso, é quase impossível prová-lo sem adicionar um molho ou acompanhamento. Quem preferir alternativas leves, pode optar por vegetais no vapor, cogumelos ou molho de tomate.

E é bom ficar de olho para não exagerar. "Mesmo o macarrão sendo pouco calórico, se você mistura com algo muito calórico e gorduroso, o esforço da dieta vai todo pelo ralo. Por isso, molhos tipo quatro queijos, pesto, com creme de leite ou à base de óleos são vetados", diz Andréa.

Óleo de gergelim e azeite de oliva também inspiram cuidados, já que são saudáveis, mas altamente calóricos. Quanto ao shoyu, o problema é a quantidade excessiva de sódio – mesmo a versão light não deve ser usada com frequência.

Cuidados

Apesar de ajudar no emagrecimento, o konjac não deve ser a base das refeições ou alimento exclusivo ao longo do dia. "Para funcionar, o corpo precisa de uma série de nutrientes, como proteínas, vitaminas e sais minerais, que esse macarrão não fornece", explica Louise.

O melhor é ingeri-lo somente uma vez por dia, somá-lo com outros alimentos, como porções de saladas e legumes e um corte de uma carne magra (frango ou bife grelhado), e evitar a combinação com frituras e produtos industrializados. Na dúvida, vale recorrer a um nutricionista. "Mesmo nos casos em que a pessoa quer somente perder uns ‘quilinhos’, a orientação é importante para não prejudicar a saúde", afirma Andréa.

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