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Última Análise

É preciso ser idiota para ter esperança?

Em tempos de desilusão e cansaço generalizados, quando a lucidez muitas vezes se confunde com a amargura e o cinismo, uma pergunta paira no ar: como continuar acreditando num futuro melhor? Este é o ponto de partida do mais recente episódio do "Última Análise" especial de sexta (4), que propõe mais do que debate; propõe uma investigação existencial.

Afinal, é preciso ser idiota para ter esperança? Essa é a pergunta que Francisco Escorsim, Jones Rossi e Paulo Polzonoff Jr. tentam responder. O ”idiota", nesse caso, não é o estúpido ou o insano; a palavra é usada aqui em seu sentido ético e filosófico. O idiota é aquele que insiste em acreditar no bem, mesmo depois de o mundo ter se acostumado com o mal. Aquele que ainda vê centelha divina onde os outros só enxergam interesses e conveniências.

Provocações

A discussão passa por personagens icônicos como o Príncipe Míchkin, de "O Idiota" (Dostoiévski), Dom Quixote, Forrest Gump e Ted Lasso, além de figuras populares como Sassá Mutema. Todos são chamados a compor um retrato compreensível e admirável do “idiota esperançoso”, aquele que não se dobra à lógica do cinismo contemporâneo.

Durante quase uma hora e meia de conversa, o programa propõe uma série de provocações:

  1. “Existe uma forma ‘lucidamente idiota’ de ter esperança?”
  2. “O que é mais perigoso: um mundo sem esperançosos ou governado por eles?”
  3. “Será que a fé ingênua de Forrest Gump não é, na verdade, uma forma de sabedoria que perdemos?”
  4. E se Dom Quixote tivesse parado de sonhar?”

Esperança ativa

A conversa não se resume à nostalgia ou à literatura. Há espaço para o presente. Para o Brasil. Para a política. E para a pergunta que muitos de nós nos fazemos todos os dias: será que é preciso ser um pouco... idiota para continuar acreditando que as coisas ainda podem mudar?

E, quando se fala na relação entre a idiotice e a esperança, não se trata de um elogio à ignorância ou ao conformismo. Pelo contrário. O que está em jogo é uma forma de esperança ativa, que recusa o jogo do cinismo e da esperteza. Uma esperança que se sabe frágil, perigosa e nociva, mas insiste em ser vendida como virtude.

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