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Desde que aprendeu a domar águas revoltas, o Brasil não pára de estancar os rios para gerar energia. São 587 hidrelétricas em operação, média de uma nova usina a cada três meses desde que a primeira foi erguida em 1883 no Ribeirão do Inferno, afluente do Rio Jequitinhonha (MG). O setor ganhou importância e hoje 82,8% de toda energia consumida no país vêm de fontes hidráulicas, segundo a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).

Até os anos 1990, o método "sai da frente" sedimentou as barragens com o argumento do progresso e do interesse público. Nasceram, então, gigantes como Itaipu e Tucuruí, numa época em que o governo militar exibia cartazes no exterior dizendo-se de braços abertos aos dólares e à poluição primeiro-mundista. Assim, os reservatórios engoliram 34 mil quilômetros quadrados, ou 0,4% do território brasileiro. Não parece muito, mas é como se um país inteiro igual à Bélgica, ou Taiwan, tivesse submergido para que pudéssemos tirar das águas nossa energia.

A Constituição de 1988 trouxe a exigência de estudos de impactos ambientais para as hidrelétricas. Não só isso, a democracia descortinou o horizonte holístico e sua visão integrada do homem com a natureza, pondo desenvolvimentistas e ambientalistas em campos opostos. Estes conseguiram barrar muitas barragens, mas os adversários ganharam mais fôlego com o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), lançado em março pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A meta é aumentar a oferta de energia elétrica em 12.300 megawatts até 2012.

Na fila do PAC estão 41 projetos de 24,6 mil megawatts, 20 deles na carteira do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), com custos de R$ 20,3 bilhões. A capacidade instalada das 587 usinas em operação chega a 74 mil megawatts, segundo a Aneel. Isso representa 28,4% do potencial hidrelétrico no país, estimado pela Eletrobrás em 260,1 mil megawatts. Metade dessa possibilidade energética fica na região amazônica, sobretudo nos rios Tocantins, Araguaia, Xingu e Tapajós. Outros 29% correm nas bacias dos rios Paraná e Uruguai.

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