• Carregando...

Brasília – Depois de saltar de 35 milhões para 49 milhões de hectares, o Brasil vai experimentar a segunda queda consecutiva na área cultivada com grãos e cereais. Os técnicos da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) darão início ao primeiro levantamento de intenção de plantio em agosto, mas o ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Luís Carlos Guedes Pinto, adiantou nesta terça-feira que a área plantada será menor que a da safra atual, de 47 milhões de hectares.

A área plantada na safra 05/06, em relação ao exercício anterior, diminuiu em 3,8%, passando de 49,1 milhões para 47,1 milhões de hectares. O dado faz parte do oitavo levantamento da safra nacional de grãos realizado pela Conab, que aponta uma produção de 119,4 milhões de toneladas. Isso representa um aumento de 4,8% em relação à safra anterior, que foi de 113,9 milhões/t. Ou seja: a área caiu, mas a produtividade continua sustentando o crescimento em volume.

Essa evolução, no entanto, pode estar comprometida com a redução cada vez maior da tecnologia empregada no cultivo. Guedes Pinto sinaliza, até, para uma possível queda de produtividade. "As dificuldades financeiras enfrentadas pelo produtor, com a utilização de menos insumos e fertilizantes, podem acarretar uma queda no volume de produção", afirmou o ministro.

Guedes Pinto prefere não arriscar um palpite sobre o porcentual de retração da área e da produção para a safra que começa a ser plantada em agosto. "Vamos aguardar o levantamento de agosto para ter condições de fazer uma avaliação mais segura sobre o que será a próxima safra."

Na avaliação do ministro, o país vive a maior crise ocorrida na agricultura nas últimas décadas. Ele disse que o governo federal reconhece a gravidade da situação, mas acredita que a crise é passageira e que o Brasil está superando o momento mais difícil.

Ele lembrou, também, que o Brasil ainda não se recuperou das duas secas consecutivas que atingiram principalmente a Região Sul e, na safra 2004/2005, provocaram uma perda de 20 milhões de toneladas de grãos, um prejuízo superior a R$ 10 bilhões ao produtor. O mais grave, acrescenta Guedes Pinto, é que essa mesma situação se repete na safra atual.

Apesar do coro do setor produtivo, de que agricultura necessita de mais recursos para compensar as perdas com a seca e desvalorização do dólar diante do real, o ministro afirmou que o governo fez o que estava a seu alcance para auxiliar o produtor rural, como a prorrogação das dívidas de custeio e as iniciativas de apoio à comercialização, que, de acordo com seus números, alcançaram mais de 90% dos agricultores brasileiros.

Seguro

A avaliação do ministro foi feita após a abertura do Workshop Internacional sobre Agricultura Tropical, que se realiza em Brasília. Ele também defendeu a ampliação do subsídio ao seguro agrícola como um mecanismo para reduzir os efeitos das crises, tanto para o produtor como para o governo. "Estamos convencidos de que é preferível aumentar o volume de recursos destinados ao seguro agrícola porque os custos, ao final, seriam menores que esse socorro que o governo é obrigado a dar ao produtor."

O jornalista viajou a convite da Embrapa.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]