• Carregando...
Organização e voluntários fazem parte do processo de distribuição das doações de alimentos, roupas e medicamentos que chegam de várias regiões do país para ajudar os desabrigados da região serrana do Rio de Janeiro | Daniel Castellano/Gazeta do Povo
Organização e voluntários fazem parte do processo de distribuição das doações de alimentos, roupas e medicamentos que chegam de várias regiões do país para ajudar os desabrigados da região serrana do Rio de Janeiro| Foto: Daniel Castellano/Gazeta do Povo

As tragédias recentes causadas pela chuva no Brasil mostram que muitas cidades atingidas não conseguem, sozinhas, prestar o socorro emergencial às vítimas nem iniciar ações de reconstrução. O cenário foi este na maioria das cidades de Santa Catarina após a tra­­gédia de 2008, que matou 135 pessoas; nas do Nordeste, em 2010, quando 57 pessoas morreram; e agora no Rio de Janeiro, que registra mais de 840 mortos. Em mo­­mento de calamidade, o município pede ajuda e acabam entrando em cena as forças armadas, bombeiros e policiais de elite, organizações não-governamentais (ONGs) especializadas e até pessoas sem nenhum treinamento, mas munidas do desejo de ajudar o próximo.

A prefeitura atingida geralmente pede ajuda ao governo do estado, que, por sua vez, aciona o governo federal. O país decide se envia homens do Exército, da Marinha e da Aeronáutica, que atuam nas mais diversas funções. Os militares ficam responsáveis por operações aéreas, instalação de hospitais de campanha, construção de pontes móveis, distribuição de donativos, entre outras atividades. Também podem ser acionados homens da Força Nacional de Segurança, composta por policiais e bombeiros selecionados e treinados nos estados.

Entretanto, boa parte da ajuda nem precisa ser requisitada e vem de maneira espontânea. Voluntários se apresentam nas cidades afetadas e encontram ali um vasto campo de atuação, já que normalmente há necessidade de controle de doenças, abertura de estradas, logística para distribuição de alimentos, arrecadação de mais roupas e calçados para os desabrigados, cuidados com animais. Atividades que nem sempre o poder público daria conta sozinho.

O técnico em telecomunicações Rui Alexandre Nogueira da Cruz, por exemplo, se especializou em um ramo diferente: montanhismo. Em 1984, ele e outros amigos fundaram em São Gonçalo, no Rio, o grupo Granito de Montanhis­mo e Pronto Emprego Humani­tário, formado por 90 voluntários atuantes que sempre tentam ir ao atendimento de vítimas de tragédias no estado fluminense. "É muito difícil ficar de braços cruzados", diz da Cruz. São enfermeiros, advogados, técnicos militares, médicos que aproveitam o período de férias ou pedem folga ao chefe para poder atender às situações de desastre natural.

A mesma situação acontece na Cruz Vermelha, organização formada por voluntários com 51 filiais no Brasil e que está presente em praticamente todas as tragédias. "A região Sudeste é afetada por desastres, inundações e deslizamentos. Basicamente, o período crítico é de dezembro a março e coincide muitas vezes com o período de férias", diz o chefe nacional de socorro e desastres da Cruz Vermelha Brasileira, Fernando Costa. A instituição arrecada alimentos, reúne equipes de radioamadores, convoca médicos e enfermeiros, entre outros. "Temos desde motorista, eletricista até engenheiro, médico e fisioterapeuta. É bem eclético", diz Costa. "Um desastre é composto de várias fases: prevenção, preparação, resposta, reabilitação e reconstrução. A Cruz Vermelha trabalha em todas as fases."

Já outras organizações se especializam em um único tipo de função. A WSPA, maior rede de proteção animal do mundo, possui até um departamento de gerenciamento de desastres internacional, composto por veterinários voluntários. "Vamos por conta própria e com recursos próprios, mas procuramos sempre trabalhar em conjunto com os órgãos locais", explica a gerente da WSPA Brasil, Rosângela Ribeiro.Interatividade

Como você vê essa força-tarefa voluntária que se estrutura diante de grandes desastres naturais?

Escreva para leitor@gazetadopovo.com.brAs cartas selecionadas serão publicadas na Coluna do Leitor.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]