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Cirurgiões de trauma estão entre os primeiros usuários entusiasmados pelo fator VIIa, só que eles também foram os primeiros a restringir o uso. "Eu usei e praticamente todo cirurgião de trauma do mundo com acesso ao medicamento o usou", disse Ernest Moore, chefe de cirurgia da Denver Health, afiliada à Universidade do Colorado. Muitos médicos se interessaram quando viram um estudo, há cerca de uma década, descrevendo como um soldado israelense com ferimento à bala no abdome recebeu o produto e foi salvo do que parecia a morte certa. Além disso, pesquisas indicaram que o fator VIIa era importante para dar início à coagulação, dando credibilidade ao trabalho.

Segundo Moore, à medida que os cirurgiões de trauma começaram a usar a droga, tiveram "a experiência inesquecível de ver pessoas que estavam com hemorragia mortal pararem de sangrar". Ele também acrescentou: "Não há dúvidas de que, na circunstância certa, pode ser um tratamento milagroso." Só que o entusiasmo desenfreado dos cirurgiões de trauma pelo fator VIIa foi abrandado recentemente quando estudos começaram a mostrar nenhum benefício para o sobrevivente. Moore o emprega menos agora, da mesma forma que outros cirurgiões de trauma. Não está claro se outras especialidades médicas tiveram um despertar similar, mas algumas instituições, como o Centro Médico da Universidade de Pittsburgh, tomaram medidas para controlar o uso da droga. O hospital de Pittsburgh começou a exigir que os médicos interessados em usar o fator VIIa obtivessem permissão de um especialista em hematologia. A única exceção é o paciente com hemorragia cerebral, tomando anticoagulante e prestes a passar por uma neurocirurgia de emergência.

Os especialistas muitas vezes recusavam a permissão, disse Franklin Bontempo, diretor do laboratório de coagulação do Centro Médico da Universidade de Pittsburgh. Alguns médicos querem usar a droga para hemor­­­ragias rotineiras em pacientes com trauma ou em quem passará por transplante de fígado. Isso é desnecessário, tais médicos costumam ouvir. De acordo com Yank, a lição na história do fator VIIa é de que os relatórios baseados em depoimentos, até os que citam resultados positivos como o fim da hemorragia, podem enganar. Optar por uma droga para um uso não aprovado pode ser arriscado. Nem sempre a simples mensuração de resultados leva em conta o quadro geral de riscos e benefícios. E o cenário de risco e benefício do uso aprovado talvez seja bem diferente daquilo que acontece quando o medicamento é adotado em outras situações.

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