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Após 13 dias, o Hospital Evangélico de Curitiba reabriu, na manhã desta sexta-feira (8), o espaço que era ocupado pela antiga Unidade de Terapia Intensiva (UTI) geral, que está fechada desde que se tornaram públicas as investigações que apuram mortes de pacientes. A direção do centro hospitalar, porém, decidiu abolir o nome "UTI Geral" e criou as UTIs I, II e III.

Segundo Jaime Nunes Ferreira, presidente da Sociedade Evangélica, a mudança do nome se deve apenas por questões internas e de facilidade. "A questão da nomenclatura é apenas de identificação interna. Como são três UTIs, fica mais fácil chamá-las assim", disse em entrevista coletiva concedida após um culto de 40 minutos, que marcou a reabertura do setor.

Na prática, o espaço que era coordenado pela médica Virgínia Helena Soares de Souza, que comandava a UTI-geral do hospital, está na UTI I. A UTI cirúrgica também deixou de existir. Agora, segundo o Hospital Evangélico, as UTIs I, II e III concentram 30 leitos – ampliação de dois em relação à estrutura antiga. As UTIs cardiológica e neonatal continuam existindo.

Para operar nas novas UTIs, o Evangélico diz ter contratado 15 novos médicos e 41 enfermeiros. A coordenação da UTI I, que era chefiada por Virgínia, será do médico Hipólito Carraro Júnior, com quem Ferreira disse que mantinha conversas desde o ano passado.

"Já estávamos em tratativas com ele [Carraro Júnior] desde o ano passado, até porque queríamos ampliar as UTIs. Essa situação precipitou as coisas e ele atendeu nosso convite."

O destino dos profissionais que eram coordenados por Virgínia, porém, ainda é uma incógnita. Durante a coletiva de imprensa após a inauguração do espaço, que passará a internar novos pacientes a partir das 15 horas desta sexta, Ferreira e Rogério Kampa, superintendente de saúde do Evangélico, deram explicações diferentes sobre o destino desses médicos e enfermeiros.

Enquanto Ferreira afirmou que os profissionais que não estão presos ou indiciados foram remanejados para outros setores do hospital, Kampa deu uma versão diferente. "Eles foram afastados, até porque estão respondendo uma sindicância interna. Enquanto não se esclarecerem os fatos, até por segurança ao hospital e aos pacientes, julgamos melhor o afastamento da equipe", disse na entrevista coletiva concedida em frente ao Evangélico.

Adriano Massuda, secretário municipal de Saúde, também esteve presente na reinauguração da UTI e admitiu que o fechamento dos leitos do hospital causou sobrecarga no sistema curitibano.

"[O fechamento de leitos] Sempre provoca sobrecarga, ainda mais porque o número de leitos é insuficiente para a demanda. Precisamos ampliar e já estamos fazendo isso. Nos próximos dias, dez novos leitos serão abertos no Hospital do Trabalhador e estamos conversando com o Hospital de Clinicas para abrir 20 novos leitos", disse o titular da pasta.

Segundo Massuda, durante os 13 dias de fechamento da UTI Geral, o Hospital Evangélico suspendeu procedimentos cirúrgicos. "Eles suspenderam as cirurgias eletivas para que pudessem abrigar pacientes em caso de emergência", disse. Minutos antes, porém, o presidente da Sociedade Evangélica havia dito que não tinha ideia de quantos pacientes teriam deixado de ser atendidos por conta do fechamento da UTI.

Sindicância

O secretário municipal de Saúde informou que a Comissão de Sindicância formada pela pasta para apurar as mortes no Hospital Evangélico continua seus trabalhos, de forma independente da investigação policial, que concluiu seu inquérito nesta semana e o encaminhou ao Ministério Público.

"Estamos analisando processo de trabalho, como funciona a organização das escalas, composição das equipes e os registros em prontuários. Mas até que grau foi feito isso, eu não vou adiantar porque é sigilo de investigação", disse Massuda.

O secretário não quis anunciar um prazo para o fim da apuração, mas informou que conclusões já podem ser utilizadas pelos órgãos responsáveis pela investigação criminal. "Precisamos ter pressa, mas não podemos comprometer a qualidade do trabalho. O trabalho durará o tempo necessário, mas as conclusões que forem retiradas já vão ser passíveis de serem utilizadas nas demais investigações", disse.

A Comissão de Sindicância, que conta com um representante do Ministério da Saúde e com auditores da Secretaria Municipal de Saúde, começou seus trabalhos apurando os prontuários dos óbitos ocorridos no Evangélico entre janeiro de 2012 e janeiro deste ano. Por uma determinação da Polícia Civil, porém, o levantamento agora irá apurar os óbitos desde 2006.

Inquérito

O Evangélico classifica as denúncias de que uma equipe médica teria abreviado a vida de pacientes da UTI Geral como "um problema pontual" e destaca que o hospital buscou facilitar as investigações e atender solicitações da Secretaria Municipal de Saúde.

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