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Sob sigilo

Terrorismo é tratado de forma confusa

Apesar de não existir lei antiterrorismo no Brasil, a Polícia Federal tem um departamento para tratar do assunto, ligado ao Setor de Inteligência. No entanto, a posição do órgão, em Brasília, é de não divulgar qualquer informação. Além da PF, a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) também acompanha o trânsito de pessoas suspeitas no país.

Em relação à reportagem da revista Veja, a PF diz que as informações vazaram.

Segunda a Polícia Federal, na ausência de lei específica, as pessoas são investigadas por outros tipos de crimes, que podem estar associados ou não ao terrorismo, incluindo falsificação de documentos.

A comunidade árabe-libanesa da tríplice fronteira do Brasil, Paraguai e Argentina reage com prontidão às acusações de abrigar terroristas entre seus membros e acusa a mídia de fazer um discurso fundado a serviço dos Estados Unidos. O clima entre os cerca de 12 mil imigrantes e descendentes na região é de indignação.

Nesta semana, dois atos oficiais de repúdio foram realizados em Foz do Iguaçu, um na Sociedade Beneficente Islâmica e outro na Câmara de Vereadores. O deputado federal Protógenes Queiroz (PCdoB) também esteve na cidade para se encontrar com lideranças da comunidade e colher informações para uma investigação protocolada na Câmara a fim de identificar a origem das acusações que não se fundamentam em provas.

Para o deputado, as acusações contra os árabes da tríplice fronteira são resultado de uma campanha feita pelos mesmos países que patrocinam conflitos militares e religiosos no Oriente Médio. Queiroz diz ter recebido documentos da Federação Palestina-Islâmica que apontam que pelo menos US$ 120 milhões foraminvestidos na mídia brasileira para a propaganda negativa dar resultado.

Um dos nomes citados na reportagem, o comerciante Sael Atari, que vive há 23 anos em Foz do Iguaçu e tem quatro filhos, diz que vai processar a revista Veja. Ele contesta o conteúdo da matéria e conta que a foto foi obtida a partir de uma farsa. "Um rapaz chegou à mesquita e falou que a foto iria ser publicada em um livro e que escrevia uma coluna árabe. Não falou nada da Veja". Atari diz que não tem medo das acusações de que teria falsificado documentos, porque tudo é mentira. Ele se sente envergonhado diante da situação que repercute em toda a família.

Assad Ahmad Barakat, 44 anos, que ficou preso durante seis anos no Paraguai por sonegação fiscal, retomou a vida na fronteira. Para ele, o fato de ser mulçumano xiita pesou nas acusações de que estaria ligado ao grupo Hezbolah, um partido político no Líbano considerado terrorista pelos Estados Unidos. Barakat se diz injustiçado porque seu envolvimento com o terrorismo não foi provado. Também condena o Brasil. "Me extraditaram por motivo político", diz.

Para o xeque Mohamed Khalil, a comunidade mulçumana da fronteira é alvo das acusações porque tem muitos jovens ativos e atuantes. "Eles expressam suas opiniões", diz.

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