O quarto protesto do Movimento Passe Livre (MPL) contra o aumento da tarifa de ônibus, trens e metrô recebeu nesta terça-feira (19), o apoio de estudantes que ocuparam, no fim do ano passado, escolas estaduais contra o plano de reorganização da rede. Após a concentração no fim da tarde no cruzamento da Avenida Rebouças com a Faria Lima, em Pinheiros, o grupo se dividiu e seguiu para a Prefeitura, no centro, e para o Palácio dos Bandeirantes, na zona sul.
No fim da manifestação, por volta das 22 horas, no centro, uma agência bancária foi depredada e lixo foi queimado em um princípio de tumulto - três pessoas foram detidas. Ainda na concentração, dois jovens foram presos, um com um martelo e o outro com um estilingue. Eles foram levados pela Polícia Militar ao 14.° Distrito Policial (Pinheiros).
Quarto protesto contra alta da tarifa em SP afeta metrô e tem tumulto no fim
Leia a matéria completaO clima entre os estudantes era diferente da tensão entre os black blocs, que, novamente, formaram a linha de frente das passeatas. “Nós, secundaristas, dissemos que não iríamos parar por ali (com o fim das ocupações). Estamos aqui não só contra a tarifa, mas também pelo nosso futuro. Eu, que moro em Cotia e estudo em Pinheiros, não tenho passe livre e tenho de pagar para estudar”, disse Yasmin Brandão, de 16 anos, aluna da Escola Técnica Estadual Guaracy Silveira, em Pinheiros.
“Participei da ocupação na Escola Estadual Fernão Dias e o grupo manteve contato para nossa luta por um futuro melhor não acabar”, afirmou Yasmin, que foi ao ato com mais 15 colegas da mesma escola.
O estudante Heudes Cássio de Oliveira, de 18 anos, que esteve à frente da ocupação da Fernão Dias e é do MPL desde 2013, disse que o ensino é “apenas” uma das lutas dos secundaristas. “Quando desocupamos a Fernão, demos o recado: R$ 3,80, não”, afirmou.
O MPL informou os trajetos com antecedência e recebeu o aval da PM. Os manifestantes foram escoltados por policiais e acompanhados também por black blocs, que, ao longo das caminhadas, hostilizaram e tentaram inviabilizar o trabalho de repórteres.
Bloqueio
A concentração começou às 17 horas e, duas horas depois, parte do grupo seguiu pela Avenida Rebouças no sentido centro e outra pela Faria Lima. O cruzamento de um dos principais corredores de ônibus da capital foi bloqueado. Passageiros tiveram de descer dos coletivos. “Acho certo o protesto, porque a tarifa ficou muito cara e atrapalha quem trabalha. Mas é muito ruim para a gente, que está saindo do serviço”, disse a cozinheira Gabriela de Oliveira, de 22 anos. Ela seguiu a pé até o Terminal Pinheiros. A tarifa foi reajustada no dia 9 deste mês.
Um dos PMs que acompanhavam a passeata era o tenente-coronel André Luiz Oliveira, que liderou a operação da Avenida Paulista na semana passada, que não chegou a sair. Ele reclamou da tática do MPL. “A concentração aqui não é o melhor lugar para se fazer, pois atrapalha muito a cidade”, afirmou. A PM, porém, acompanhou os manifestantes. A tenente-coronel Dulcinéia Lopes de Oliveira acompanhou o MPL até o Palácio dos Bandeirantes.
Estudantes organizam reunião para discutir possível aumento da tarifa de ônibus em Curitiba
Leia a matéria completaPasseatas
No ato que seguiu para a Prefeitura, a PM cercou os black blocs, que estavam à frente da passeata. Era visível a maior presença de mascarados no grupo que partiu para o centro. Até as 21 horas, a PM não havia informado o número de manifestantes neste percurso.
Ao chegar à Avenida Paulista, o ato do MPL encontrou forte efetivo. O Conjunto Nacional fechou as portas quando os manifestantes passaram. Na Avenida 9 de Julho, houve panelaço quando a passeata chegou.
Na sequência, black blocs quebraram a vidraça de uma agência do Itaú na Rua Barão de Itapetininga e incendiaram caçambas de lixo na Rua 7 de Abril. As Estações República e Anhangabaú do Metrô tiveram os acessos fechados. Os manifestantes se sentaram na frente dos portões. Não houve confronto, mas a Tropa de Choque usou duas bombas de efeito moral para dispersar o grupo na Avenida Ipiranga às 22h40.
No caminho dos manifestantes que seguiram para o Palácio dos Bandeirantes, os seguranças do Shopping Iguatemi fecharam as portas. “Eles têm de fazer isso no domingo para não atrapalhar ninguém”, disse a esteticista Celia Fagundes, de 43 anos.
O ato foi acompanhado por 300 pessoas, segundo a PM. Não houve tumulto até as 21 horas. No Palácio dos Bandeirantes, o MPL anunciou o próximo ato para quinta-feira, 21,, no Terminal Parque D. Pedro, no centro da capital, às 17 horas.
Sem-teto
Em apoio ao MPL, o Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) fez dois protestos simultâneos nas Estações Itaquera (zona leste) e Capão Redondo (zona sul) do Metrô. O MTST estimou em 12 mil os participantes. Não houve registro de problemas.
Justiça suspende norma do CFM que proíbe uso de cloreto de potássio em aborto
Relatório americano expõe falta de transparência e escala da censura no Brasil
STF estabalece regras para cadastro sobre condenados por crimes sexuais contra crianças
Órgão do TSE criado para monitorar redes sociais deu suporte a decisões para derrubar perfis
Deixe sua opinião