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James Lindsay desnuda as ideias do pensador — que, embora esteja entre os autores mais citados nos cursos de Pedagogia americanos, permanece praticamente desconhecido pelo público geral nos Estados Unidos
James Lindsay desnuda as ideias do pensador — que, embora esteja entre os autores mais citados nos cursos de Pedagogia americanos, permanece praticamente desconhecido pelo público geral nos Estados Unidos| Foto: Reprodução / Twitter / New Discourses

O escritor americano James Lindsay se notabilizou por expor as incoerências do establishment educacional de seu país — especialmente no ensino superior, e sobretudo nas ciências humanas e sociais. Doutor em Matemática pela Universidade do Tennessee, ele chegou ao ponto de escrever artigos acadêmicos falsos, repletos de nonsense, para provar que a mentalidade relativista e engajada tem prejudicado o rigor científico. E deu certo: boa parte deles foi aceita para publicação antes de o experimento de Lindsay e mais dois colegas vir à tona.

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Mais recentemente, Lindsday tem atirado em outro alvo — muito conhecido dos brasileiros: Paulo Freire, criador da Pedagogia do Oprimido.

Em uma série de podcasts publicados pela plataforma New Discourses, Lindsay desnuda as ideias do pensador — que, embora esteja entre os autores mais citados nos cursos de Pedagogia americanos, permanece praticamente desconhecido pelo público geral nos Estados Unidos. O material produzido por Lindsay é um raro conteúdo crítico a Paulo Freire em inglês. Se o autor americano (que não tem religião e até recentemente se identificava como alguém de esquerda) estiver certo, o brasileiro é responsável por muitos dos males atuais da educação nos Estados Unidos – e em outros países. “Talvez nenhum marxista tenha tido mais influência no mundo ocidental do que o excêntrico educador brasileiro Paulo Freire”, ele resume.

Até agora, foram cinco episódios — disponíveis, dentre outras plataformas, na página da publicação New Discourses no YouTube. Com suas análises, Lindsay não pretende simplesmente refutar as ideias de Paulo Freire no nível filosófico. Ele quer alertar os americanos sobre o risco trazido pela ideologia de Freire. “Proteger as crianças dessa influência deve ser uma prioridade para os pais”, adverte.

Embora Pedagogia do Oprimido (de 1968) seja o livro mais influente de Freire no Brasil, outra obra abriu as portas para ele na intelectualidade de esquerda americana: o livro Política da Educação, de 1985. Parte do sucesso se deve a um intelectual socialista que atuou como uma espécie de embaixador de Freire nos Estados Unidos. O responsável foi o canadense Henry Giroux, que, nos anos 1980, tinha certo prestígio nas universidades americanas. Giroux havia conhecido a obra do brasileiro por intermédio de sacerdotes católicos ligados à Teologia da Libertação — a corrente que pretendia injetar as ideias socialistas de Karl Marx na Igreja. “Ele foi o primeiro apóstolo de Freire nos Estados Unidos”, diz Lindsay.

Em seus podcasts, James Lindsay analisa detalhadamente a obra do brasileiro, muitas vezes com a leitura de longos trechos da autoria de Freire. Lindsay observa que, em sua obra, o pedagogo subverte a definição básica de alfabetização: para o brasileiro pernambucano, o aprendizado das letras e das palavras é secundário. O elemento central é a alfabetização política — o que significa a adesão ao ideário socialista. "A conscientização é mais importante do que o aprendizado de habilidades porque o aprendizado de habilidades reproduz a meritocracia e não torna possível a revolução marxista”, resume o autor americano, que prossegue citando números alarmantes do ensino nos Estados Unidos: “É por isso que 30% dos formandos no ensino médio são analfabetos funcionais: porque a razão da educação é promover a conscientização e criar ativistas que acreditam ser as pessoas que transformarão o mundo, e a única forma de transformar o mundo é por meio da teoria marxista”, afirma.

Nos podcasts, Lindsay explica como a obra de Freire subverte a própria lógica da alfabetização, e tenta trazer uma carga política para os anos iniciais da escola. “Você não pode estudar o livro didático pelo seu conteúdo real; tudo se torna um veículo para se fazer uma crítica da sociedade”, afirma ele, que acrescenta: “Em outras palavras, o papel do educador não é ensinar os alunos, mas se tornar um ativista com eles”, critica.

Para James Lindsay, a presença de temas como a ideologia de gênero e a ideologia “woke” em sala de aula tem a ver com a influência de Freire e alguns de seus discípulos. “Já faz 50 anos que a pedagogia crítica está aí, e ela saiu completamente do controle. Praticamente todos os educadores nos últimos 30 anos são obcecados por ela, ocupando o espaço com todo absurdo que você possa imaginar. E tudo isso é Paulo Freire”, afirma.

Mas por que Paulo Freire, que publicou toda sua obra em português, se tornou tão importante no país mais poderoso do mundo? Para Lindsay, a resposta não tem a ver com a eficácia do método Paulo Freire, mas na capacidade do brasileiro de reciclar o dicionário marxista e usar novos termos para popularizar ideias antigas, como a revolução (chamada de “transformação”) e a luta de classes (apresentada como a divisão entre “opressores” e “oprimidos”). É a aplicação perfeita de uma nova embalagem para o Marxismo na educação”, diz Lindsay, que trata a ideologia marxista como uma doutrina religiosa. “Você não pode entender porque Paulo Freire se tornou referência sem entender que ele é um profeta muito eficiente de uma religião. O nome dessa religião é comunismo, e o nome da teologia é marxismo”, afirma.

Nas próximas semanas, James Lindsay pretende estender a série de podcasts para concluir sua análise de A Política da Educação e depois iniciar uma análise detalhada do livro Pedagogia do Oprimido.

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