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José Eduardo Vianna: Banco de Pele encurtará o tratamento de pacientes com queimaduras graves | Marcelo Elias/Gazeta do Povo
José Eduardo Vianna: Banco de Pele encurtará o tratamento de pacientes com queimaduras graves| Foto: Marcelo Elias/Gazeta do Povo

Congresso discute novidades

As últimas novidades no tratamento de queimaduras estão sendo discutidas durante o VI Congresso Brasileiro de Queimaduras, que acontece no Hotel Bourbon, em Curitiba. O evento, que começou ontem e vai até sexta-feira, é promovido pela Sociedade Brasileira de Queimaduras e conta com a participação de cerca de 400 profissionais da área da saúde, como médicos, fisioterapeutas, psicólogos e enfermeiros. Na ocasião, acontece também o Simpósio Internacional da Federação Latino Americana de Queimados.

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Vantagens

A implantação do Banco de Pele, que armazena pele humana preparada em laboratório para ser utilizada em transplantes na recuperação de queimaduras graves, trará uma série de benefícios:

Menor tempo de internação: pacientes não terão mais que esperar 40 dias para começar o tratamento com enxerto. Com o Banco de Pele, será possível iniciar o tratamento ainda na primeira semana.

Maior sobrevida e menor risco de contaminação: a pele funciona como um curativo biológico e protege contra infecções. Pacientes com queimaduras de 3º grau perdem as defesas e ficam expostos a vírus, fungos e bactérias.

Menos sofrimento: o paciente terá de passar por menos cirurgias.

Menos gastos com o tratamento: com a redução do tempo de internação e economia com antibióticos as despesas com o tratamento ficam menores.

Deve começar nas próximas semanas a reforma do espaço que abrigará o Banco de Pele do Hospital Evangélico, em Curitiba. A previsão é de que a obra esteja concluída em dois meses. Não há, entretanto, uma estimativa de quando o Banco entrará em funcionamento. Além da compra de equipamentos e do treinamento de técnicos, o espaço precisará passar por uma série de adaptações para atender às normas da Vigilância Sanitária. A dificuldade maior está na captação de recursos. Uma parceria firmada com a Fundação de Ação Social conseguiu arrecadar cerca de R$ 30 mil. O projeto, entretanto, tem um custo total estimado em R$ 480 mil. O convênio com a prefeitura, que tinha validade de um ano, venceu em agosto. "Estamos com a documentação pronta, mas não pudemos renovar em 2008 por ser ano eleitoral", esclarece o coordenador da implantação do Banco de Pele, o médico pediatra José Eduardo Vianna.

Com a implantação do Banco, que será o primeiro do Paraná e terceiro do Brasil (já existe um em Porto Alegre e outro em São Paulo), haverá uma série de benefícios para os pacientes e para a instituição. O tratamento com o uso de pele humana reduz o tempo de internamento e proporciona maior sobrevida ao paciente. Além disso, há menor risco de contaminação e economia com antibióticos. "Pacientes que sofrem queimaduras de 3º grau ficam sem defesas. O dano na pele é tão severo que a ferida não cicatriza, é preciso fazer enxerto. Hoje precisamos esperar até 40 dias para fazer o procedimento. Enquanto isso, a ferida é tratada com curativos, mas temos que ficar controlando infecções, o paciente fica debilitado, perde peso. Com o Banco, poderemos dar início ao tratamento ainda na primeira semana. O tecido necrosado é retirado e é colocada a pele nova por cima", explica o médico.

Segundo Vianna, as piores queimaduras geralmente são causadas por álcool. Alguns pacientes ficam até um ano em tratamento e chegam a ir para o centro cirúrgico até três vezes em uma semana. Por dia, o hospital recebe, em média, 12 novos pacientes com queimaduras. Nos últimos quatro anos, o número de atendimentos no setor cresceu 30%. Em 2007 foram 4.412 emergências e 15.868 atendimentos ambulatoriais, uma média de 20 mil ocorrências no ano. Este ano, até 10 de setembro de 2008, já haviam sido contabilizados 13.312 atendimentos a vítimas de queimaduras.

A doação de pele tem o mesmo processo da doação de órgãos. As camadas mais superficiais da pele são retiradas cirugicamente, tratadas e transplantadas. "Não há nenhum tipo de conseqüência na aparência do doador porque retiramos apenas a epiderme e a derme. A pele fica apenas um pouco mais clara, mas é colocado um curativo no local da retirada", explica Vianna. Geralmente o material é retirado da pele das coxas e das costas.

Da retirada até que esteja pronta para ser usada, a pele fica em média um mês no laboratório. "São feitos todos os testes para descartar contaminações", esclarece. Uma vez preparado, o material congelado pode ficar no banco por até dois anos.

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