• Carregando...

Cinco rádios clandestinas foram fechadas na segunda-feira por fiscais da Anatel na Cidade de Deus, zona oeste do Rio. A operação teve apoio de 50 PMs do Batalhão de Operações Especiais (Bope), que desde 9 de janeiro participam da ocupação da favela. Segundo o capitão Ivan Blaz, as rádios atrapalhavam a comunicação de aeronaves com o Aeroporto de Jacarepaguá.

Dados da Anatel repassados ao Bope mostram que já foram identificadas na capital cerca de 200 rádios piratas, que devem ser fechadas. E, ainda com base em informações dadas por técnicos da agência aos PMs, o número de rádios piratas em favelas do Rio pode chegar a mil. Em todo o país, segundo a Abert, este número seria 15 mil.

Foram apreendidos computadores, transmissores, antenas, cabos, mesas e equipamentos de áudio. Segundo PMs, as rádios eram financiadas por comerciantes locais e congregações religiosas. Blaz explicou que a Anatel solicitou o auxílio da equipe policial após o fechamento, há duas semanas, de uma rádio clandestina no Morro dos Macacos, em Vila Isabel. Pelo menos uma das rádios na Cidade de Deus tinha alcance de até dois quilômetros e estaria interferindo na comunicação do Aeroporto de Jacarepaguá.

Seis responsáveis pelas rádios piratas foram levados para o Posto de Policiamento Comunitário da Cidade de Deus. Eles assinaram um termo de responsabilidade com a Anatel e serão convocados a prestar depoimento na Polícia Federal.

"Desde o início da nossa ocupação, fizemos várias apreensões, sempre com a ajuda dos moradores, que estão indignados com a ação do tráfico na comunidade", diz Blaz.

Por meio da assessoria, a Anatel informou que a operação no Rio partiu de denúncia anônima. A agência disse que, em média, fecha seis rádios piratas por dia em todo o país. O problema se concentra principalmente em grandes centros urbanos, como Rio e São Paulo.

O brigadeiro Venâncio Gross, que é especialista em transporte aéreo e foi piloto de avião, explica que, normalmente, o problema é causado pela frequência de rádios FM que operam na mesma faixa da comunicação de VHF usada na aviação, principalmente entre 105 e 140 MHz. "O que acontece é que o Ministério das Comunicações, quando distribui as frequências, faz de forma que uma não interfira nas outras", diz. "Mas a rádio pirata monta transmissor na maior potência que puder e sai falando. Então, o piloto, às vezes, está falando com a torre e, em vez de ouvir as instruções, escuta a rádio. Se forem instruções de execução imediata, há risco de acidente."

O presidente da Abert, Daniel Pimentel Slaviero, que representa 2,5 mil emissoras de rádio e 300 de TV, afirma que as ações de fiscalização devem ser intensificadas. "Esse é um problema de extrema gravidade porque desorganiza o espectro eletromagnético, que é um bem público. Isso acontece seja pela atuação de rádios sem autorização legal, seja por aquelas autorizadas que operam acima do limite de potência estabelecido."

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]