Estudo de mexilhões permitiu comprovação da teoria do POS.
Estudo de mexilhões permitiu comprovação da teoria do POS.| Foto: Reprodução/Pixabay

Quase três décadas após sua concepção, uma teoria inovadora proposta por um cientista brasileiro obteve sua primeira comprovação na natureza, fora dos laboratórios. A teoria da Preparação para o Estresse Oxidativo (POS, na sigla em inglês) trata da forma como o organismo dos animais se adapta, preventivamente, a eventos extremos em que a oferta de oxigênio cai significativamente. A descoberta permite aos pesquisadores compreender melhor como alguns animais conseguem sobreviver nessas circunstâncias extremas.

Segundo o professor Marcelo Hermes-Lima, docente do Instituto de Biologia da Universidade de Brasília e criador da teoria, já há mais de 100 artigos sustentando o POS com base em observações feitas em laboratório. Mas, agora, uma revista científica internacional aceitou publicar um artigo dele e de outros colegas pesquisadores demonstrando, pela primeira vez, o mecanismo em ação na natureza – mais especificamente, em uma espécie de mexilhão que precisa lidar com grandes variações no nível de oxigenação por causa da mudança nas marés.

O estudo foi publicado na Estuarine, Coastal and Shelf Science, uma publicação científica classificada como Q1 – ou seja: está entre os 25% mais relevantes dentro do seu campo de pesquisas. “A hipótese já tem muito tempo. Mas, para você ter certeza de que esse mecanismo de fato acontece, ele tinha que ser mostrado na natureza, no mundo natural”, afirma Hermes-Lima, que tem mais de 7 mil citações, de acordo com a plataforma Google Scholar. O novo estudo também teve a participação de outros sete pesquisadores, seis dos quais são brasileiros.