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O secretário de Estado de Obras Públicas, Luiz Caron, está esperando apenas um contato do governador Roberto Requião (PMDB) para pedir sua exoneração do cargo. A informação é de integrantes do partido e assessores da Secretaria. O novo titular da pasta deve ser o deputado estadual Nélson Garcia (PSDB) ou outro parlamentar tucano que tenha apoiado o governador nas eleições.

Caron decidiu se afastar do governo após a publicação, na Gazeta do Povo do último domingo, de uma carta escrita por seu filho Guilherme Richter Caron, na qual ele repudia a bronca dada pelo governador em seu pai no dia 1.º, durante a cerimônia de posse.

Roberto Requião chamou, ao vivo e em público, a atenção de Caron ao visitar seu gabinete no novo prédio do Centro Cívico, o antigo fórum inacabado. O governador não gostou de algumas divisórias instaladas na sala e ordenou que tudo fosse refeito.

Há, no governo, quem defenda a tese de que Requião teve tal atitude para forçar uma demissão do secretário, o que chamam de um "processo de fritura".

Na carta, Guilherme Caron, que é filiado ao PMDB e promete se desfiliar, relatou que a atitude do governador causou um "injusto constrangimento" aos membros da família. O filho do secretário afirmou ainda que Requião defende a família dele "com empregos" e que "admirava" o governador. "O mais difícil para mim não é olhar para o meu pai e vê-lo ainda perturbado pelo show de horror que foi a posse. É muito mais difícil encarar as pessoas que só votaram no senhor (Requião) porque eu empenhei minha palavra de que seria o voto mais correto. Hoje, essas mesmas pessoas me param nas ruas e perguntam: ‘Foi para esse que você pediu meu voto?’", afirma ele, na carta.

Guilherme criticou também alguns filiados do PMDB, dizendo que muitos do partido estão "preocupados com cargos, pois não conseguiriam sobreviver longe do rei (Requião)". A carta causou enorme repercussão no governo do estado e entre os peemedebistas, que classificaram a briga como "um jogo pesado e uma queda-de-braço".

Calma

Segundo o presidente estadual do PMDB, Renato Adur, ele vai tentar conversar com Caron e o filho para acalmá-los e para que não tomem atitude alguma com o "emocional exaltado". Já o chefe da Casa Civil, Rafael Iatauro, afirmou que não falou com o governador sobre o "delicado assunto" e que esse é um problema que só diz respeito aos próprios envolvidos.

Os defensores de Luiz Caron lembram que ele sempre foi leal a Requião, tendo, inclusive, se desfiliado do PPS para ficar no PMDB junto ao governador. Assessores da Secretaria de Obras garantiram que o secretário está muito triste com todo o ocorrido e que vai ficar ao lado do filho. De acordo com eles, Caron tem procurado Requião desde o dia da posse e não tem recebido qualquer tipo de retorno, o que os leva a pensar que a convivência entre eles teria acabado.

Alguns governistas comentam ainda que há um grande trabalho de desqualificação das obras comandadas por Caron no tempo em que ele ficou à frente da Secretaria, como a das melhorias do presídio Hidelbrando de Souza, em Ponta Grossa.

Em meados do ano passado, Requião visitou as instalações penitenciárias e fez críticas às obras, chamando-as de "gambiarras". Nessa virada de ano, houve fuga de presos no local. Membros da Secretaria de Obras disseram que a fuga só teve ampla repercussão por causa das declarações anteriores do governador sobre a obra. Não se questionou, segundo eles, como os materiais usados para cortar as grades entraram no presídio, nem se houve falha na vigilância.

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