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Filas, desinformação, bate-boca e até agressões nos terminais

São Paulo – A paralisação dos controladores de tráfego aéreo reeditou ontem as cenas de muita confusão, protagonizadas por passageiros revoltados com o cancelamento de seus vôos. No aeroporto Tom Jobim, no Rio, Margareth Soares, supervisora da BRA, levou um soco no olho, desferido por um passageiro, e reclamou da falta de segurança no aeroporto. O mesmo passageiro ainda quebrou um computador e uma porta do aeroporto, mas foi embora sem ser identificado.

Em Cumbica, Guarulhos, a empresária uruguaia Silvana Ferrer, 48, invadiu o balcão da TAM e discutiu com funcionários. "Não é porque sou estrangeira que podem me destratar." Em Congonhas, os passageiros de pelo menos dois vôos ficaram mais de três horas nas aeronaves à beira da pista, à espera de autorização de decolagem, que não aconteceu.

Outros, como Renato Paiva, 27, nem conseguiram embarcar. Funcionário de uma empresa de material médico, ele ia embarcar com uma encomenda valiosa: material para cirurgia de reconstituição de face que seria feita às 7h de hoje em Campo Grande (MS). Quando soube do cancelamento do vôo, ligou para a equipe médica para avisar. "Não vou arredar pé do aeroporto, não vou sair daqui até embarcar. O paciente precisa desse material e, sem ele, a cirurgia terá que ser adiada."

A maioria dos vôos que cruzava a área do Cindacta-1 foi orientada a pousar na capital federal, elevando o número de passageiros nos terminais.

São Paulo – Apesar do acordo que colocou fim à greve dos controladores de tráfego aéreo, o movimento nos principais aeroportos do país foi intenso ontem, com diversos vôos atrasados e cancelados.

A crise deve durar até quatro dias, segundo avaliação dos próprios controladores ouvidos pela reportagem. O ministro Franklin Martins (Imprensa) admitiu que a normalização no tráfego aéreo será gradual.

O movimento continuou intenso porque os passageiros que tinham vôo marcado para a manhã se juntaram àqueles que esperavam pelo embarque desde anteontem. Muitos tiveram de passar a noite nos aeroportos, sem informações sobre quando partirá o vôo.

Pela manhã, as filas de Congonhas incluíam pessoas conhecidas como o astronauta Marcos Pontes e o arcebispo de São Paulo, dom Odílio Scherer.

Para amenizar os transtornos, a Gol pediu a seus clientes que não fossem para os aeroportos e procurassem a central de relacionamento da empresa para remarcar os bilhetes.

A greve começou anteontem no Cindacta-1 (que controla o tráfego na Região Centro-Oeste), por volta das 17 h, quando os controladores começaram a aumentar o intervalo entre as decolagens. Às 18h40, as decolagens deixaram de ser autorizadas – exceto para ambulâncias aéreas, emergências ou vôos de autoridades federais. Os efeitos da paralisação foram rapidamente espalhados para todos os aeroportos do país. Os controladores querem a criação de uma gratificação emergencial e a desmilitarização do setor.

Sem taxas

A Gol e a TAM, principais companhias aéreas brasileiras, informaram por meio de seus sites que não serão cobradas taxas e diferenças tarifárias para os vôos dentro do período da paralisação dos controladores, que parou os aeroportos brasileiros a partir do final da tarde de sexta-feira até as 5h30 de ontem.

Em nota da assessoria de imprensa, a TAM solicitou aos passageiros que tivessem condições que adiassem suas viagens, com o objetivo de evitar o intenso movimento registrado nos aeroportos, sem custos para os passageiros. Os serviços podem ser solicitados no call center da TAM, pelo telefone 4002-5700.

A companhia informou ainda que aviões de reserva estão posicionados nos principais aeroportos para atender a eventuais programações de vôos de reforços. Segundo a nota, a estimativa é de que 10 mil passageiros da empresa não embarcaram na noite de sexta-feira, devido à paralisação dos controladores de vôo. Segundo a TAM, havia cerca de 80 mil passageiros com reservas para ontem. A previsão era de que a operação se normalizasse a partir do início da noite de ontem, com o embarque estimado de 60 mil pessoas.

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