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Recife

Obras esbarram na desapropriação

Pernambuco quer aproveitar a Copa de 2014 para dar ênfase na qualidade do transporte público na região metropolitana de Recife. Para tal, a meta é melhorar a mobilidade urbana. O secretário das Cidades do Estado de Pernambuco, Dilson Peixoto, explica que o objetivo é necessário porque as ruas do Recife já estão "fartamente" ocupadas, e a frota de veículos cresce mais de 7% ao ano. "Para piorar, por ser antiga, a cidade possui ruas estreitas e qualquer razoável obra viária tem um custo muito alto de desapropriação."

Peixoto, que acumula o cargo de presidente do Grande Consórcio Recife, responsável por gerenciar o transporte público da capital e região metropolitana, admite que hoje não há qualidade no ônibus e no metrô. "O transporte público tem capilaridade, mas não tem qualidade. É preciso garantir eficiência, conforto e pontualidade para incentivar as pessoas a usá-lo, deixando o carro em casa."

Para a Copa, uma das metas do governo é construir mais um terminal de metrô. Hoje, a rede subterrânea tem 39,5 quilômetros de extensão e 28 estações. A obra permitirá que passageiros que cheguem à rodoviária tenham acesso à linha BRT Leste-Oeste, em projeto.

São Paulo tem problemas de mobilidade proporcionais ao porte de sua população de 11,2 mi­­lhões de habitantes e, principalmente, da sua frota de veículos (6,9 milhões). Os analistas de trânsito chamam esse fenômeno de "individualização dos transportes", cenário caracterizado pelo excesso de veículos nas ruas e pelos congestionamentos. Tanto que, hoje, a velocidade mé­­dia de deslocamento na maior cidade brasileira é de 16 km/h, a mesma de uma carroça.

A principal explicação para a lentidão está no desenvolvimento vagaroso da rede de transportes coletivos – ônibus, lotação, trem e metrô. Na capital paulista, a proporção da população que usa esses meios é de apenas 36%, a mesma de 20 anos atrás, de acordo com a Companhia do Metro­­politano de São Paulo (Me­­trô). Em Barcelona, cidade considerada modelo, o porcentual atinge 70%. "Sofremos de uma histórica falta de investimentos nos modais coletivos. Hoje, pagamos o preço caro da ilusão da 'sociedade do automóvel'", cri­­tica Maurí­­cio Broinizi, coor­­de­­­­nador da Rede Nossa São Paulo, instituição de defesa de direitos civis.

Medidas coercitivas (restrição de tráfego de caminhões e fiscalização por radares), associadas a um novo trecho do ro­­doanel e a novas estações do me­­trô, reduziram a média de congestionamento nos horários de pico para 99,3 quilômetros em 2010. O nú­­mero ficou abaixo dos 100 quilômetros pela primeira vez desde 2007. Apesar de melhorias para o trânsito no curto prazo, as me­­didas restritivas são consideradas insuficientes por analistas. Há necessidade de um conjunto de medidas de curto, médio e longo prazo para mudar a situação. A proposta de Broini­­zi, junto com outras organizações da sociedade civil, está em um documento chamado "Plano de Mobilidade e Trans­­porte Sus­­tentável", já aprovado pela Comissão de Finanças e Orça­­mento da Câmara de Vereadores paulistana. O plano de ação pede mais agilidade na construção do metrô e de uma série de corredores expressos de ônibus (BRTs). Além de medidas para desconcentrar o tráfego.

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