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Laranjal - "Quero me aposentar aqui", brinca o médico Miguel Espínola, que tem 20 anos de profissão e cumpre expediente diário no posto de saúde de Laranjal, município com 6,3 mil habitantes no Centro-Oeste do Paraná. Ele deixou Santa Catarina há um ano e meio para trabalhar no interior do Paraná. E gostou da troca. "Gosto daqui porque o ambiente de trabalho é bom", afirma.

Espínola nasceu no Paraguai, mas veio novo para o Brasil. Ele se formou na Universidade Federal de Santa Catarina e trabalhou em Florianópolis. Como o salário já não era atrativo e a prefeitura queria reduzi-lo ainda mais, o médico, que se especializou em geriatria, ganhou a ajuda do filho, que é advogado, para procurar um destino usando a internet. Soube que a prefeitura de Goioxim, na região central do Paraná, havia aberto concurso.

Ele se mudou com a esposa para o estado. Ficou poucos meses no município e começou a procurar outro emprego, porque não gostava da interferência política no seu trabalho. Logo foi contratado pela Secretaria de Saúde de Laranjal.

Quando chegou, não encontrou nem imóvel para alugar. Foi então que resolveu morar em Palmital, a cerca de 40 quilômetros. Todos os dias, ele pega a estrada sinuosa para prestar os atendimentos no posto de saúde. Nos fins de semana, dá plantões nos hospitais públicos de Turvo e Laranjeiras do Sul.

A prefeitura paga R$ 10 mil. No último concurso, aberto mês passado, só houve dois inscritos e eles não atingiram a pontuação mínima. Conforme a secretária de Saúde, Daiane de Oliveira, o salário é mais alto do que o pago nas prefeituras da região, mas ainda assim é difícil atrair os médicos. "É difícil por causa da estrutura do município", diz.

O único posto de saúde do município funciona junto com a administração da secretaria. Ele presta somente atendimentos básicos e faz pré-natal. As consultas eletivas são feitas em Guarapuava, a 180 quilômetros de distância, e as emergências são encaminhadas para Pitanga, a 89 quilômetros.

"Trabalhamos dentro da estrutura que temos", afirma Espínola. O posto também conta com um médico que presta serviços no município três vezes por semana. A cidade tem duas equipes do Programa Saúde da Família e ainda fará novos concursos para tentar contratar mais um médico. Para Espínola, entre os motivos para que os médicos procurem os grandes centros está a qualidade de vida. "Em Santa Catarina, por exemplo, os médicos só querem trabalhar no litoral. No Paraná, eles preferem a capital ou as cidades grandes. Eu estou satisfeito aqui", comenta.

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