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Adilson Alves

A língua na arena pública

Começo 2009 retomando dois episódios do ano que acabou de nos deixar. O primeiro foi o Acordo Ortográfico entre os países de língua portuguesa, que desde o dia 1º deste mês já está valendo. O segundo foi o projeto que prevê o uso de correspondentes femininos para ocupantes de cargos públicos no Paraná: sargenta, generala e soldada são correspondentes de sargento, general e soldado, respectivamente. O assunto foi abordado neste jornal no dia 17 de dezembro de 2008 pela jornalista Katia Brembatti.

O ponto em comum entre os dois eventos – ou aquele que eu gostaria de destacar – é que ambos foram capazes de despertar muitos de nós para um saudável debate sobre nossa língua. É como se de repente tivéssemos descoberto que também temos algo a dizer sobre o assunto, dar um palpite, mesmo que em termos do tipo "eu concordo" ou "eu discordo". De fato, nem sempre conseguimos analisar em profundidade determinados assuntos, e não são poucas as vezes em que nossas opiniões carregam preconceitos de variadas latitudes. No entanto, o espanto inicial diante de eventos como esses já é um bom começo, pois significa que a língua (por que não) também merece espaço na nossa agenda.

Ao se deslocar de círculos restritos de discussão para a arena pública – e, portanto, política –, a língua cai, digamos assim, na boca do povo, seu único e legítimo dono, independentemente de grau de instrução e de cifras bancárias.

Um passo bem importante nesse processo é nos desvencilharmos de pontos de vista sobre o nosso idioma que sempre tendem a tratá-lo em termos de certo e errado, bonito e feio, pode e não pode. Se algo está errado, é importante explicar por quê.

Se prudência e caldo de galinha não fazem mal a ninguém, qualificar o debate sobre nossa língua também não causará dano algum.

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