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Coisa de uns três anos atrás, realizei um trabalho com professores cujo objetivo era discutir e se possível melhorar os enunciados das nossas avaliações. Em resposta aos nossos enunciados, os alunos produzem um texto. Estou usando as palavras "texto" e "enunciado" sem rigor acadêmico.

Muitos de nós demos nossa cara a tabefes e mostramos algumas de nossas avaliações, nosso jeito de elaborar questões. Embora esses enunciados não possam de maneira alguma ser compreendidos fora de um contexto bem mais amplo, que inclui a situação comunicativa complexa do espaço escolar, é possível questionar se eles não são, em boa medida, responsáveis pela dificuldade que os alunos demonstram na hora de escrever.

O título desta coluna traz a proposta de uma avaliação em história para uma turma de ensino médio: "Discorra sobre a Revolução Francesa". É coisa! Por onde começar? Onde terminar? O que eleger para "discorrer"? Posso dar minha opinião? E se eu não falar da guilhotina? Notem que o professor também está numa situação complicada. Como corrigir?

Da minha lavra, tenho uma pérola que me acompanhou durante meu reinado obscurantista de professor de ginásio e ensino médio. Ei-la: "Escreva com suas próprias palavras...". Meu objetivo era deixar claro que não queria que os alunos copiassem frases do texto, pedaços. Até o dia em que um aluno se dirigiu a mim e perguntou se podia usar a palavra "ironia", que constava no texto. Ele queria usar só as dele! Como eu havia pedido.

É irônico, mas esse menino, sem a menor ironia em sua fala, fez uma ótima avaliação do meu despotismo.

Termino com o enunciado mais engraçado (um pouco trágico!) que analisamos. Numa avaliação, os alunos de uma 8.ª série leram uma crônica do Verissimo e enfrentaram isto: "Por que a crônica de Verissimo é engraçada"?

Ora! Até as vírgulas do Verissimo são engraçadas. Imagi­nem uma crônica inteirinha.

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