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O episódio que motivou esta coluna foi a participação do professor de Climatologia e Mu­­danças Climáticas da Univer­­sidade Federal de Alagoas Luiz Carlos Molion no programa Canal Livre, da Band, do dia 10 de janeiro deste ano. Molion é um meteorologista que fala justamente o contrário do que costumamos ouvir e ler quase todo dia. Um exemplo: as emissões na atmosfera são incapazes do provocar aquecimento global. Segundo ele, todo o debate sobre o tema está permeado pelos interesses dos países ricos, que tentam esfriar o desenvolvimento de países como China, Brasil e Índia.

Molion está certo ou errado? Sinceramente não sei – e seria irresponsabilidade emitir opinião com conhecimentos superficiais acerca de um assunto de tão alta relevância. Eis um bom desafio para 2010: pesquisar mais sobre aquecimento global.

Pontualmente, serve ao propósito desta coluna destacar que determinados temas, como esse mencionado, são falados e escritos por uma espécie de língua hegemônica, totalitária. É como se houvesse apenas um lado da moeda. De repente, todos estamos reproduzindo as mesmas ideias, os mesmos argumentos. Seja sobre direitos humanos, seja sobre gripe suína. De norte a sul, falamos em uníssono. Lemos na revista que o novo filme do diretor X é ótimo. E lá estamos elogiando o filme sem ao menos assistir.

Obviamente, existem determinados assuntos que tendem a ser consensuais mesmo. No entanto, a maioria pode e deve ser discutida. Quando lemos um jornal, uma revista, um livro, uma coluna, devemos prestar atenção não apenas no que se revela, mas também no que fica de fora, no que foi excluído, silenciado. Ler e ouvir criticamente é um exercício de escuta, de debate, de posicionamento. Sem isso, ficamos num samba de uma nota só. Mas sem a batida de João Gilberto.

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Adilson Alves é professor.

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