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Um leitor diz que foi derrubado, em concurso que realizou ano passado, pela construção "O governo pretende TACHAR produtos importados". Não viu nada de errado, já que governos têm o costume de "tributar" produtos. Pensou que "tachar" e "tributar" fossem seis e meia dúzia. Não são. A índole dos governos é uma. A da língua é outra. E a questão apela para o conhecimento dos concursandos, e dos outros 70% dos brasileiros, de um assunto que aparece sob a rubrica de parônimos e homônimos. De modo bem simples e de acordo com as lições das apostilas, parônimos são palavras de grafia e som muito parecidos (flagrante/fragrante) e homônimos são palavras de grafia parecida e som semelhante (seção/sessão). É possível avançar mais nesse quadro, mas o esqueminha serve ao nosso propósito.

Voltando à questão do leitor e acompanhando a nossa síntese, fica-nos evidente que ele caiu nu­­ma questão que exigia uma olhada na tabela de homônimos: "tachar" e "taxar" têm o mesmo som, mas sentidos diferentes. Logo, são homônimos. Já dissemos que "taxar" (com "x") significa "tributar", ou seja, impor tributo. É diferente de "tachar" (com "ch"), que significa pôr defeito, caracterizar: Ele tachou o professor de obscuro.

O assunto desta coluna me traz à mente o par de homônimos "concerto" e" conserto". Por dois motivos. O primeiro deles: no primeiro ano do colegial, mandei numa redação: "Nosso país só terá ‘concerto’ caso invista na educação formal". O professor concordou comigo e sugeriu a grafia "conserto", pois o exemplo começa em casa. Continuo errando em quase tudo, menos nessa grafia.

O segundo motivo: virou moda alguns políticos falarem em "concerto" político, ou seja, arranjo. Dependendo do tipo de "concerto", podemos substituir a palavra por "tramoia", por "jeitinho" para desviar dinheiro público.

Uma pequena contribuição de alguns políticos à semântica.

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