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O leitor não informou a fonte exata (sem problemas), mas a questão se deu num telejornal. Um empresário falava sobre a falta de mão de obra qualificada para determinados setores e finalizou com a frase que serve de título a esta coluna: "Tem dez vagas na nossa empresa". A questão proposta por ele foi: "É correto falar ‘tem’ vagas em vez de ‘hᒠvagas?"

Aqui estamos às voltas com o uso do verbo "ter", impessoal, no lugar de "haver". Falei disso em outra coluna e minha opinião continua a mesma. O uso sistemático desse verbo tanto por falantes escolarizados quanto por falantes de pouca escolaridade, em situações formais e informais, não pode deixar dúvidas de que, sim, é correto, é hipercorreto, é mais que correto. A nossa posição sobre a língua não pode prescindir do seu uso real, dos seres humanos que a colocam em ação, que lhe dão vida. Do contrário, somos obrigados a viver na paranoia de que não sabemos português, de que vivemos falando errado, matando a língua – e todos os blás, blás, blás de sempre quando o assunto vai pelo caminho do certo e do errado.

Para esclarecer. Pelo fato de a linguagem escrita ser mais conservadora, em determinados espaços sociocomunicativos o uso do verbo "ter" no lugar de "haver" é vetado. A maioria dos cadernos deste jornal, por exemplo, não admite a troca. E eu sou um dos responsáveis por isso. Imagino que também seja assim em telejornais, com a seguinte diferença: os apresentadores (âncoras) seguem mais à risca a lição normativa, e os demais repórteres, sobretudo os que fazem coberturas ao vivo, deixam escapar a troca de vez em quando.

Trata-se de uma convenção, uma tentativa de padronizar a linguagem do jornal, sem que isso signifique "uma fala definitiva sobre o certo e o errado para todas as situações". E sem que isso signifique também que a escolha pela forma canônica seja um erro.

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