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É inaceitável que nossos times continuem sendo considerados, no noticiário do Rio e de São Paulo, perpétuas zebras provincianas no cenário brasileiro. Pelos altos e baixos de nossa história, às vezes com razão. Mas já de uns anos para cá não há motivo para que não tenhamos pelo menos duas presenças respeitáveis e permanentes no cenário do Brasileirão

Pois eu estava resistindo a escrever sobre futebol, esperando que o meu querido Atlético desse uma arribada segura, depois do bom momento do final do ano passado – mas ele continuou no seu trepidante estilo de montanha-russa. Sofri demais na batalha contra o Vasco, aquele empate parece que arrancado no limite da capacidade do time, no último suspiro e na tábua de segurança de Paulo Bayer. E agora temos um duro jogo de volta, nos confins de São Januário. Ali não vai ser fácil. Os pessimistas dirão que é uma tarefa impossível. Como sou um otimista de carteirinha, acho que o Atlético tem todas as condições de ganhar. Mas penso que não será bom negócio se lançar furiosamente ao ataque, como talvez fosse o normal para quem precisa de vitória. Um jogo mais cauteloso pode ser uma boa tática, apostando as fichas na paciência. Com o padrão da nossa defesa, acho que se jogar adiante a qualquer preço será suicídio. Enfim, é bater na madeira e torcer pelo Atlético, que pode sim voltar com a classificação para as semifinais, nem que seja por meio a zero. E nada como uma vitória difícil para levantar o moral do time.

Bem, e pela lei do eterno retorno que é alma do futebol, a cidade tem uma grande notícia, mesmo para torcedores de outro time, com generosidade e cabeça fria: a trajetória do Coritiba está sendo o fato mais sensacional deste ano e promete ser notícia até dezembro. Há algo de dramático e redentor na superação dos coxas, desde aquele trágico final de tarde com o estádio depredado, violência à solta para futebol de menos, a queda para a Série B, mais o exílio em Joinville, até embalar numa sequência inédita de vitórias, levar de roldão com irritante facilidade o Campeonato Estadual (que, vamos reconhecer, para eles foi pouco mais de um treino), e agora avançar espetacularmente em direção da taça da Copa do Brasil. Impossível não admirar a esmagadora vitória do Coritiba contra o Palmeiras. Se havia alguma dúvida de que esse time azeitado não é fogo de palha, os seis a zero puseram as coisas no seu lugar.

Rivalidade à parte, isso é muito bom para o nosso futebol. É inaceitável que nossos times continuem sendo considerados, no noticiário do Rio e de São Paulo, perpétuas zebras provincianas no cenário brasileiro. Pelos altos e baixos de nossa história, às vezes com razão. Mas já de uns anos para cá não há motivo para que não tenhamos pelo menos duas presenças respeitáveis e permanentes no cenário do Brasileirão, do mesmo modo e na mesma medida que, por exemplo, Internacional e Grêmio, no Rio Grande do Sul, ou Cruzeiro e Atlético Mineiro, em Minas. Para isso é preciso se fortalecer e ir para as cabeças em todos os torneios. O Atlético deu uma boa arrancada em 2001 e nos anos seguintes, e, bem ou mal, vem se mantendo à tona todos esses anos. E a espetacular recuperação do Coritiba tem tudo para ficar.

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