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Orgulho de Morretes e quiçá do Brasil, a briosa filarmônica Euterpina Morretense ficou famosa no retorno dos Voluntários da Pátria ao Paraná, em 27 de abril de 1870, ao acompanhar – tocando! – os soldados da Guerra do Paraguai, do Porto de Paranaguá até Curitiba.

Outro feito histórico da Euterpina, também conhecida como Capricho Morretense, foi em 15 de novembro de 1934, por ocasião da festa de Nossa Senhora do Rocio, quando Paranaguá promoveu um concurso nacional de bandas musicais. Participaram as bandas de Castro, de Ponta Grossa, de Morretes e da Polícia Militar da capital, além das bandas dos Fuzileiros Navais de Florianópolis e Rio de Janeiro.

Chegado o dia da festa, cada banda tomou o seu lugar em seus respectivos coretos, instalados no adro da Igreja do Rocio. E começou o concurso, sob os aplausos da multidão. Foram se apresentando as bandas, uma a uma, sendo a Euterpina a penúltima a tocar. As outras concorrentes, até aquele momento, não tiveram o cuidado de apresentar um número clássico. Sensibilidade que não faltou ao maestro João da Cruz, que incluiu, no repertório do Capricho Morretense, a protofonia de O Guarani para o encerramento.

Terminado de tocar o dobrado, a valsa, o chorinho etc., o maestro distribuiu as partituras da protofonia e, com a batuta, deu início à execução. Depois de cinco minutos de tocata, balançou o coreto: o vento forte vindo da Ilha das Peças fez voar as partituras, provocando pânico na multidão. Paranaguá tremeu, não tremeu a furiosa e inabalável Euterpina Morretense: os músicos sabiam de cor a partitura e, para desespero dos concorrentes, continuaram tocando como se nada tivesse acontecido. Todo pimpão, o maestro João da Cruz encerrou a apresentação de seus pupilos, debaixo dos aplausos exaltados das autoridades civis, militares, religiosas e do povo em geral.

Resultado do confronto: a Euterpina Morretense foi classificada em primeiro lugar! O caminho de volta a Morretes foi triunfal. Lembram os antigos, naquele dia do Rocio, a briosa filarmônica só não refez a maratona dos Voluntários da Pátria porque muitas águas rolaram das bicas do Nhundiaquara e garrafas cheias ninguém quis ver sobrar.

Em homenagem a Euterpe – deusa da música e da poesia lírica – e ao presidente Mário Celso Petraglia, a Euterpina Morretense deveria ser convidada para tocar a protofonia de O Guarani, de Carlos Gomes, na solene entrega da Arena da Baixada aos comissários da Fifa. À feição do dono, a abertura da Hora do Brasil tem a cara de pouquíssimos amigos do presidente atleticano.

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