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29 de março, todos devem saber, é aniversário de Curitiba. Desta vez, porém, a festa começará um dia antes, com outro momento histórico. O lançamento do livro Curitiba: Melhores Defeitos, Piores Qualidades, de Dante Mendonça, o prezadíssimo. São 288 páginas, com orelha de Jaime Lerner, prefácio/cartum de Tiago Recchia. Como explica o autor, é uma "biografia não-autorizada". Segundo o próprio Dante, "é coisa de catarina: a editora é de Florianópolis (Bernunça Editora) e está sendo impresso numa gráfica de Blumenau".

A foto da capa é um tremendo achado. Sensacional. De autoria de Erony Santos, em 1971, mostra o "churrasco no buraco". Isso mesmo, nada de carneiro no buraco ou porco no rolete. Foi churrasco mesmo, comemorando a canalização do Rio Ivo, na Voluntários da Pátria, entre a Osório e a Emiliano Perneta. Dezenas de pessoas à mesa, literalmente numa vala gigantesca, de pelo menos dois metros de profundidade. Parece até o decantado metrô. Há outra foto do banquete, mostrando, entre os convivas, o então prefeito Jaime Lerner, os jornalistas Aramis Millarch e Nireu Teixeira. Lerner, inclusive, na fatiota, de terno e gravata. E dá-lhe churrasco, que se não era igual ao do Bar Palácio, pelo menos dispensava a sua famosa e lendária fumaça, aquela que abafava o perfume de damas da noite. A lamentar, no caso, a ausência do imbatível mineiro de botas. Isso mesmo, minha senhora, mineiro de botas, uma mistura alquímica de queijo e marmelada flambada no conhaque. Outro detalhe, que só mesmo a turma do Dante – que inclui o ex-alcaide Jaime Lerner, em quem, aliás, Beronha, Natureza Morta e eu jamais votamos (somos Requião, hô-hô-hô) –, não deixaria escapar: o lançamento do livro será no Passeio Público, no velho Bar do Pasquale. Tudo para "rememorar os bons sábados no Passeio, com feijoada e bolinho de arroz".

Mais um toque dantesco, dantesco no bom sentido, é claro, de Dante Mendonça: ele abre o livro republicando a crônica Curitiba, a fria, que é fundamental para o folclore da cidade. "Fernando Pessoa Ferreira me passou uma história inédita que ele esqueceu de contar na mesma crônica. Aliás, estou tramando para trazer o Fernando para o lançamento do livro. Depois de tantos anos e tanta polêmica, o Fernando Pessoa em Curitiba seria um acontecimento".

De fato. O Fernando Pernambuco, o que ousou dizer que Curitiba era formada por uma estranha tribo que comia pinhões, é gente boa. E bem mais sutil que o Millôr, para quem "ritiba" significava "do mundo".

Recado final: "Precisamos botar a vida em dia num botequim".

Certíssimo, ainda mais se for um no estilo Pasquale.

Francisco Camargo é jornalista.

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