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Em 1911 aconteceram grandes enxurradas. O Rio Iguaçu inundou várias cidades em seu caminho. Os colonos salvam as criações e mercadorias com ajuda de grandes embarcações. A foto foi feita em outubro de 1911 em Guajuvira |
Em 1911 aconteceram grandes enxurradas. O Rio Iguaçu inundou várias cidades em seu caminho. Os colonos salvam as criações e mercadorias com ajuda de grandes embarcações. A foto foi feita em outubro de 1911 em Guajuvira| Foto:
  • Esta serraria e fábrica de palhões, para proteger garrafas, de Guajuvira sofreu grande prejuízo com a enchente de 1911
  • Um grupo de fotógrafos e jornalistas transita com suas tralhas pela linha férrea, onde a locomotiva não podia chegar impedida pelas águas. Guajuvira, em outubro de 1911
  • Enchente, então tradicional no local, na Rua Dr. Murici e Praça Zacarias em 1947
  • Também em 1947, outro aspecto da enchente no começo da Rua Carlos de Carvalho, ocasionada pelo Rio do Ivo
  • Na Rua João Negrão esquina com a Visconde de Guarapuava em 1941, a enchente castiga o curitibano

No meu tempo de piá eu escutei muitas histórias na sapataria do velho Lulo, meu pai. Lembro ainda que desde o início da década de 1940 se comentava muito sobre o tempo, principalmente entre os companheiros de pescarias, que sempre estavam interessados nas fases da Lua e nas precipitações das chuvas.

Neste ano não vai dar pescaria. Em setembro trovejou na lua nova e choveu no dia de São Miguel! As pescarias estavam condenadas. O seu Carlos Santos, o mais velho da turma, comentava rimando: Lua nova trovejada, seis meis de chuvarada!

O culpado era o arcanjo São Miguel, aquele mesmo que, segundo a lenda, derrotou o Lúcifer e o mandou para os quintos dos infernos. Em setembro, no dia 29, é comemorada a data de São Miguel. A sabedoria popular criou, depois de muita observação, o fato que quando chovia naquele dia e também na nova de setembro era, na tampa, meio ano de aguaceiros.

No Rio Grande do Sul, o gaúcho acredita nessas coincidências entre as datas de setembro e o destempero do tempo. Já no longínquo ano de 1833 aparece a citação da volumosa enchente que sofreu Porto Alegre, seguindo-se de outras em 1847 e 1873, de fortes intensidades. Coroando com a maior que se tem notícia, ocorrida em 1926-27. Todas denominadas: Enchentes de São Miguel.

No Oceano Pacífico, na costa do Peru, os pescadores vinham observando de longa data que quando ocorria o aquecimento do mar, pelos ventos Alísios, a pesca era mais abundante e isto ocorria principalmente no final do ano. Batizaram, então, a ocorrência como sendo tempo do El Niño, O Menino, em deferência ao Menino Jesus, por estar na época da comemoração de seu nascimento.

El Niño no Oceano Pacífico, São Miguel no Sul do Brasil. As duas culturas populares, tanto a peruana como a brasileira, fizeram as suas descobertas e batizaram os fenômenos segundo suas tradições religiosas. Cientificamente as medições das temperaturas do Pacífico começaram a ser feitas em 1877, quando o El Niño foi sentido com forte intensidade. Daí em diante ele se apresenta ciclicamente, vezes mais forte, outras nem tanto.

O fenômeno deste ano, 2009-10, está sendo estimado como de forte intensidade, o que realmente vem ocorrendo. Basta observarmos as catástrofes causadas pelas chuvas. Se levarmos como exemplo o que está acontecendo em Curitiba e região, onde chove intensamente praticamente todos os dias, e se o tal refrão popular funcionar: Lua nova trovejada, seis meis de chuvarada!, vamos assim, se molhando, até as águas de março.

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