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O bairro do Ahú está em evidência por motivo da desativação do presídio que ali funcionou desde o início do século passado. O prédio em princípio foi construído para servir de manicômio e asilo; entretanto, logo em seguida a sua inauguração, o destino dado foi outro, seria a Penitenciária do estado. Na época, a primeira década de 1900, o Ahú era um arrabalde longínquo do centro de Curitiba, característica importante para se colocarem os presos, longe do núcleo urbano.

Antes de mostrar a penitenciária propriamente, vamos visitar outras conveniências do velho Ahú. Em 1908, acentuou-se uma disputa de fronteira entre o Brasil e a Argentina, o debate se agravou a ponto de os dois países se prepararem para um confronto mais sério, o que levou a população de jovens curitibanos a se apresentar como voluntária ao que desse e viesse. Os campos do Ahú, por serem afastados, foram usados como palco para as manobras militares.

No ano seguinte, foi criada, pelo então capitão João Gualberto Gomes de Sá, uma linha de tiro para treinamento militar. O Stand do Ahú, como era conhecido, gerou alguns problemas. Apesar de estarem distantes do perímetro da cidade, os seus alvos foram colocados de tal forma que as armas miravam em direção à urbe. Houve casos de balas perdidas acertarem algumas residências, então a linha de tiro foi desativada.

Famoso foi o Cassino Ahú, criado no início da década de 1940 apoiado em uma fonte de água que existia em seu terreno. Tais cassinos no Brasil somente podiam funcionar em estâncias hidrominerais. Inventaram a Água Mineral Ahú, e o cassino foi levantado, tornando-se uma das maiores atrações que a noite curitibana já teve.

Voltamos à Penitenciária do Ahú. Num domingo, dia 17 de maio de 1931, a Gazeta do Povo tirou uma segunda edição do jornal com a seguinte manchete: "A sangrenta tragédia da Penitenciária do Estado". Vamos a alguns trechos da notícia: "... Cinqüenta presos armados de ferros e paus mataram dois guardas quando invadiram o alojamento dos policiais onde se apoderaram de vários fuzis e mosquetões – nesta desordem morreram também dois detentos".

Na seqüência da reportagem, são apontados os líderes do levante: Papst e Kindermann, ambos condenados por terem assassinado e roubado o tesoureiro da Estrada de Ferro Egídio Pilotto na Rua Barão do Rio Branco, no ano anterior. Conseguiram fugir dez presidiários equipados com as armas roubadas do alojamento da guarda. Os líderes do levante não conseguiram escapar.

A Gazeta do Povo, durante aquela semana, publicou várias reportagens sobre a caçada aos bandidos pelos bairros de Curitiba, assim como nos municípios de Tamandaré e Colombo. Assim foi até o dia 25 de maio, quando então as notícias se esvaziaram. Estava registrado, portanto, o primeiro motim ocorrido na Penitenciária do Ahú, às 6 horas da manhã daquele domingo, 17 de maio de 1931.

Ilustramos a Nostalgia de hoje com as seguintes fotos:

A primeira, tirada em 9 de outubro de 1940, apresenta a Penitenciária do Ahú em reformas, cujas obras são visitadas por diretores da Gazeta do Povo acompanhando o dirigente daquele presídio.

Na segunda foto, vemos um grupo de presidiários junto aos seus trabalhos artesanais, em meados da década de 1930.

A terceira imagem, também dos anos 30, apresenta uma festa no pátio interno do presídio.

Na quarta foto, vemos a tropa que participou das manobras de outubro de 1908 nos campos do Ahú.

Na foto número cinco, aparece o estande de tiro do Ahú em 1909.

Finalizamos com as fotografias dos líderes do levante da Penitenciária do Ahú em 1931: em cima aparece o Kindermann e abaixo, João Papst; sendo esse último o comandante dos amotinados.

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