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A Ponte Preta original sobre a Rua João Negrão, em 1905 | Acervo histórico CD
A Ponte Preta original sobre a Rua João Negrão, em 1905| Foto: Acervo histórico CD
  • A Maria Fumaça passa pela estação de Morretes na década de 1930
  • Poucos eram os que se aventuravam em viajar de carro pelas estradas precárias, como é o caso desse grupo que faz um passeio de
  • Trem de passageiros no bairro do Cajuru, com destino a Paranaguá, em 1935
  • A Estrada da Graciosa tinha pouco movimento até acontecer o boom do café no Norte do Paraná, na década de 1950. A foto é de 1954
  • Locomotiva, que lembra filmes de farwest, pertencia à Estrada de Ferro São Paulo – Rio Grande, inaugurada no Paraná em 1909. A foto é de 1930
  • A antiga Estação do Marumby, ponto obrigatório de parada aos montanhistas que frequentavam a Serra do Mar entre os anos de 1930-50

Antigamente, no século passado, Curitiba era uma ilha da qual pouca gente escapava em viagens a outras paragens. Qualquer tentativa de se locomover era transformada em aventura que se iniciava com os preparativos para enfrentar a jornada que se propunha. Os meios de condução eram escassos e cansativos. As viagens mais longas eram feitas em lombos de cavalos e mulas. Carroças e carruagens eram usadas em passeios mais curtos. Com a inauguração da Estrada de Ferro para Paranaguá, em 1885, as coisas melhoraram.

O curitibano podia, então, descer ao Litoral com maior conforto, tendo condições até de ir e voltar no mesmo dia. O trem trouxe grandes vantagens, além das viagens. Agora era possível ter à mesa, em Curitiba, peixes e mariscos trazidos de Antonina e Paranaguá. Frutas tropicais vinham de Morretes. Quem não lembra das sumarentas mimosas ou das bananas morreteanas das mais diferentes espécies? A locomoção ferroviária entrou no século 20 transportando o curitibano para a Lapa e Ponta Grossa, pelo Vale do Iguaçu à União da Vitória, e depois de 1909, pela São Paulo - Rio Grande ao resto do Brasil.

Viajar de trem era a diversão que estava ao alcance até dos curitibanos mais modestos, tanto para o Litoral como para as pescarias domingueiras no Rio Iguaçu, com paradas que iam desde Araucária até Porto Amazonas. Hoje em dia não existem mais trens de passageiros, sobrando apenas à viagem turística pela Serra do Mar e diga-se de passagem: turística mesmo! O preço da passagem de trem até Morretes é bem mais cara que uma passagem de avião até Foz do Iguaçu.

Com o advento do automóvel o transporte rodoviário foi gradativamente eliminando as ferrovias, paulatinamente o trem dava lugar aos ônibus e caminhões já na década de 1960, veículos que rodavam pelo asfalto, então novidade em nossas estradas. Estradas sucateadas, ou que não comportam mais o imenso volume de automóveis. O trem foi substituído pela poluição e pelos acidentes fatais dos carros.

O estado de São Paulo é sem dúvida o único exemplo do que o trem trouxe em progresso para aquela unidade brasileira em pujança e desenvolvimento. As Estradas de Ferro Paulista e a Sorocabana transportaram a riqueza de São Paulo em mercadorias e passageiros, principalmente os caixeiros viajantes, isto enquanto o resto do Brasil se atolava na lama dos caminhos carroçáveis.

A Rede Ferroviária virou sucata e vendeu o que pode, os trens de passageiros sumiram do mapa, os poucos de carga estão terceirizados e já causou acidentes gravíssimos como o da Ponte do São João há tempos atrás. A Estação de Curitiba dá pena de ver, virou apêndice de um megashopping. Mais triste está a velha Ponte Preta (não tão velha assim); querem que permaneça como monumento apesar de estar causando um acidente atrás do outro, com os veículos altos que tentam passar por ela. Eis aí, portanto, mais uma sucata que o curitibano terá que reverenciar depois que a mesma for maquiada e servirá para lembrar como se jogou, e se joga, dinheiro fora neste país.

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