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Julio Cesar Souza

A devoção a Curitiba parece não ser bandeira de um só candidato à prefeitura na eleição deste ano. Amar a cidade e declarar este sentimento como arma de campanha será também a marca de Ney Leprevost (PSD), um curitibano legitimamente “leite quente”. Aos 42 anos, exercendo o terceiro mandato consecutivo de deputado estadual, com expressivas votações na capital, depois de três mandatos também consecutivos como vereador, ele decidiu enveredar pela disputa majoritária. Formado em Administração de Empresas e jornalista por vocação (começou aos 13 anos como repórter esportivo), é casado com Carina Zanier Leprevost, com quem tem um filho, Pedro, de cinco anos. Ela tem um filho do primeiro casamento, Gabriel, de 21 anos. Leprevost é o segundo candidato entrevistado pela coluna. A conversa ocorreu nesta quinta-feira em um café do Batel.

Por que decidiu ser candidato a prefeito?

Ney: Eu nasci em Curitiba, me criei aqui, devo muito à cidade que me fez ser o vereador e o deputado mais votado, e não poderia deixar de atender esse pedido do meu partido e das pessoas que sempre votaram em mim, que percebem que a cidade está muito mal cuidada e querem alguém que devolva a eficiência à gestão pública do município.

Você vai enfrentar na campanha dois candidatos de peso, o prefeito Gustavo Fruet , que tenta a reeleição, e o ex-prefeito Rafael Greca , que tem um histórico de obras da sua gestão a mostrar. Quais são as suas chances nessa disputa?

Ney: Eu acredito que são imensas. Eu vejo um crescimento muito grande da nossa campanha. Esse crescimento será maior ainda quando pudermos expor as nossas ideias no programa eleitoral gratuito que começa no final do mês. Eu sinto que há uma vontade muito grande das pessoas, há um desejo imenso do eleitor curitibano de mudança com qualidade, de votar em alguém que possa somar juventude e experiência.

Você sempre foi muito bem votado em Curitiba, como vereador e deputado, mas acredita que numa eleição para a Prefeitura, sendo a sua primeira disputa majoritária, possa vir a repetir essas votações ou que será suficiente para provocar um segundo turno?

Ney: Eu tenho certeza absoluta que nós aumentaremos as votações de deputado. Eu sempre fui bem votado aqui, mas eu tenho certeza que para prefeito essa votação será muito maior. Estou visitando todos os bairros de Curitiba e a cada dia eu vejo um crescimento maior, vejo pessoas que ainda não me conheciam passando a me conhecer. Claro que também o apoio do Ratinho Junior vai ajudar, principalmente nos bairros da região sul da cidade, e eu não tenho a menor dúvida de que a nossa candidatura estará no segundo turno.

Você passa a imagem de um candidato muito ligado a Curitiba, inclusive o mote da sua campanha é amor a Curitiba, por ser curitibano, que é o mesmo do Greca. Não vão concorrer na mesma raia?

Ney: Eu creio que todos os candidatos hoje disputam uma faixa de eleitores muito semelhante. Tanto o ex-prefeito Greca quanto o atual prefeito Gustavo Fruet têm eleitores que me conhecem, principalmente na classe média curitibana. No entanto, eu acredito que vai pesar isso que acabei de falar. O eleitor fará uma análise sobre a eficiência de cada um dos candidatos nas funções por eles ocupadas e acredito que nesse aspecto eu posso ser o diferencial .

Qual é sua posição em relação ao Uber?

Ney: O Uber é uma grande polêmica, é o tipo de resposta que nenhum candidato gosta de dar porque você ou se indispõe com os taxistas, que são formadores de opinião, ou você se indispõe com uma parte significativa da sociedade que deseja o Uber por um único motivo: por ele ser mais barato do que o táxi. Então, a melhor proposta que eu vejo é, em primeiro lugar, regulamentação, respeito à lei e possibilitar que o taxista tenha uma desoneração de todos os encargos dele com o município para que a concorrência com o Uber possa ser feita de forma igualitária. Não é justo que um taxista pague uma série de taxas, de tributos, de encargos para a Urbs e que seja fiscalizado com uma lupa e o Uber possa correr solto fazendo o que bem deseja.

Já andou de Uber?

Ney: Ainda não. Ando bastante de táxi. E gosto muito de andar de táxi, quando vou a alguma festa, quando vou tomar um vinho, uma cerveja, eu sempre opto pelo táxi. Ainda não andei de Uber e por enquanto vou continuar não andando porque eu tenho muitos eleitores que são taxistas e que já declararam publicamente que irão votar em mim e se eles me virem num carro de Uber vão ficar muito brabos comigo (risos).

Acredita que seu discurso está pronto para convencer o eleitor totalmente arredio em relação à política e aos políticos em função de tudo que tem acontecido no país?

Ney: Eu sou entusiasta da Operação Lava Jato. Vejo Curitiba hoje como uma cidade que despertou a cidadania das pessoas, elas estão muito antenadas, estão muito por dentro do que acontece na política e, portanto, não creio que através do discurso elas decidirão o voto. Elas vão procurar verificar o passado de cada candidato na vida pública para ver se a pessoa é honesta, se não esteve envolvida em corrupção, em desvio de dinheiro, vão procurar conhecer as propostas de cada um dos candidatos e vão verificar também como cada um deles foi nas funções que ocupou. Se o candidato foi um bom prefeito ou não, se foi ministro, como é que ele se saiu, se foi deputado, como é que se saiu. Eu acredito que a atuação de cada um nos cargos em que teve a oportunidade de exercer a vida pública é que vai dar um direcionamento para o eleitor fazer a sua escolha.

Você nunca foi testado no Executivo.

Ney: Fui. Com 25 anos de idade eu fui secretário de Estado, numa secretaria que era importantíssima, do Esporte e do Turismo, durante o governo do Jaime Lerner, uma das grandes honras que eu tenho na minha vida é de ter feito parte da equipe dele. Fui secretário por quase dois anos e consegui fazer uma excelente gestão sem ter sequer uma vírgula reprovada pelo Tribunal de Contas e sequer um ofício do Ministério Público contestando o nosso trabalho.

Hoje parece haver uma disputa pelo lernismo entre alguns candidatos. Você se julga um dos herdeiros do lernismo?

Ney: Eu não tenho essa pretensão. Seria muito pretensioso da minha parte. O que eu quero é aproveitar as boas ideias que o Jaime Lerner ainda tem, mas também aproveitar outras soluções inovadoras, eficientes, que podem ajudar nossa cidade a se desenvolver.

Quais são os seus trunfos nessa eleição, as grandes propostas para a sua gestão?

Ney: Os trunfos eu diria que são ficha limpa, proximidade com o eleitor e uma história de trabalho muito voltada para as pessoas menos favorecidas através dos projetos que eu consegui realizar principalmente na área da saúde. Agora, as principais propostas dizem respeito à eficiência da gestão, à redução da máquina pública, ao não aumento de impostos. Nós estamos também com uma vontade muito grande e já em um caminho sendo percorrido para tentar reduzir a tarifa do ônibus, que hoje é de R$ 3,70. Queremos tentar chegar a R$ 3,50. Já chegamos numa solução que pode, e isso eu revelo aqui em primeira mão, proporcionar para os curitibanos uma tarifa de R$ 3,60, inclusive com renovação de frota, já que os ônibus de Curitiba estão sucateados e com a reintegração do transporte coletivo. E temos também, evidentemente, propostas para áreas importantes que hoje são um problema seríssimo e que são lembradas em todas as pesquisas. O nosso plano tem o auxílio de mais de 150 técnicos e eu pretendo, como prefeito, reunir as cabeças mais inteligentes, os melhores técnicos, as pessoas mais preparadas que amam Curitiba, para que me ajudem a tocar essa cidade com muito amor, com muito capricho, com muita dedicação e, acima de tudo, promovendo uma gestão solidária, eficiente e que garanta serviços de boa qualidade para as pessoas.

Qual sua principal crítica e elogio, se é que tem algum, a fazer à gestão do prefeito Gustavo Fruet?

Ney: Eu tenho muitos elogios a fazer ao Gustavo Fruet como legislador. Eu acho que ele foi um excelente deputado federal, teve uma atuação muito boa lá em Brasília, e acredito que poderá ser deputado federal novamente quando quiser. Crítica tenho não ao ser humano, mas à gestão dele, que considero uma gestão que toma decisões muito lentas, uma gestão ineficiente, uma gestão que cuidou mal da cidade e uma gestão que não conseguiu deixar nenhum legado para a posteridade. Se o Gustavo deixar de ser prefeito no final desse ano a gestão será lembrada pelo quê? Pelo mato crescido nas praças, pelas ruas esburacadas, pela falta de médicos nos postos de saúde? Não vejo que tenha sido uma gestão produtiva, embora reconheça que as intenções dele devem ter sido boas em todos os momentos e embora eu goste muito dele e da família dele no âmbito pessoal, mas eu tenho que colocar aqui o interesse público dos curitibanos em primeiro lugar. Curitiba, infelizmente, está muito mal cuidada.

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