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Dona Jesuína e seu Sebastião estão lutando por um espaço no livro dos recordes | Antoniele Luciano / Niomar Pereira/Gazeta do Povo
Dona Jesuína e seu Sebastião estão lutando por um espaço no livro dos recordes| Foto: Antoniele Luciano / Niomar Pereira/Gazeta do Povo

O Paraná pode ser o lar do homem e da mulher mais velhos do mundo. Os dois vovôs, que moram no interior do estado, são dona Jesuína dos Santos Cardoso, 120 anos, de Rio Branco do Ivaí, no Norte, e seu Sebastião Batista dos Santos, 114 anos, de Coronel Vivida, na região Sudoeste. Eles só precisam da comprovação do Guinness World Records.

Entrar no livro dos recordes é bastante burocrático – até mesmo no ranking tupiniquim. O Guinness World Records informou, por meio da Relações Públicas Sofia Rocher, que para que dona Jesuína e seu Sebastião sejam considerados os mais velhos do mundo, “precisam enviar um formulário por meio do site. As evidências requisitadas incluem certidões de nascimento, comprovantes de consultas médicas, entre outros documentos”.

A diretora do RankBrasil, voltado ao registro de recordes brasileiros, Iolete Cadari, confirma que processos deste tipo costumam ser burocráticos. Em geral, a ação demanda tempo e dinheiro, uma vez que são solicitados documentos que vão além da certidão de nascimento. Isso pode incluir fotos antigas e certidões de casamento do idoso, e de nascimento e óbito dos filhos. “Pedimos para que a pessoa apresente o máximo de documentos possíveis, para então fazermos uma investigação em cima da data de nascimento”, observa.

Ela assinala que é comum surgirem casos de pessoas com mais de 100 anos Brasil afora. “Mas muitos não levam a investigação à frente porque é burocrático. São pessoas que vivem na zona rural. Em alguns casos, até em tribos indígenas”, pontua.

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Natural de Reserva, Dona Jesuína nasceu em 30 de janeiro de 1896 e vive no distrito de Porto Espanhol, em Rio Branco, desde a década de 1960. Ela só teve os trâmites para enviar a documentação ao Guinness iniciados neste mês. O impulso para ação veio depois que o benefício dela junto ao Instituto Nacional de Segurança Social (INSS) foi bloqueado. Na época, o órgão a considerou muito idosa e suspeitou que seu cadastro fosse uma fraude.

Seu Sebastião, por sua vez, é natural de Mangueirinha, nascido em 15 de março de 1902. Foi registrado no município de Palmas. Um incidente pode dificultar a comprovação de sua idade – em 1963, um incêndio queimou parte dos livros do cartório onde sua certidão de nascimento foi lavrada.

A última idosa que recebeu do RankBrasil o título de mais velha do país foi Maria Olívia da Silva, de 130 anos. Moradora do distrito de Içara, em Astorga, no norte do estado, ela faleceu em 2010.

Amigo da família de dona Jesuína, o vereador Valdir Correia de Moraes é quem está em busca dos documentos para provar a longevidade da idosa de Rio Branco do Ivaí. Ele diz ter plena convicção de que vai conseguir reunir as informações que precisa. “Essa semana, estamos atrás da cópia da certidão de nascimento dela no livro da Comarca onde foi registrada. Vamos conseguir sim. Tenho certeza que ela é a mais velha não só do Brasil, mas do mundo”, reforça.

Paraná é ocupa a 7ª posição no ranking de longevidade

Os dois idosos, apesar da idade, são uma exceção no estado. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Paraná ocupa a 7.ª posição no ranking de expectativa de vida ao nascer, com 76,5 anos, um pouco acima da esperança de vida nacional, de 75,2 anos em 2014. O estado fica atrás de Minas Gerais (76,7), Rio Grande do Sul (77,2), São Paulo e Espírito Santo (ambos com 77,5), Distrito Federal (77,6), e Santa Catarina (78,4). O Maranhão é o estado com a menor esperança de vida ao nascer no país, 70,0 anos.

O pesquisador do IBGE Fernando Albuquerque, responsável pelo estudo Tábuas de Mortalidade, explica que estas diferenças entre estados já foram maiores antes da década de 1980. “Em 1940, no pós-guerra, países menos desenvolvidos começam a importar programas por quais regiões mais desenvolvidas já tinham passado. Com isso, começa-se a ter uma diminuição da mortalidade. Primeiro, a mortalidade infanto-juvenil e depois de outros grupos”, comenta.

Em 1940, a expectativa de vida ao nascer no Brasil era de 45,5 anos. Já em 2014, de 75,2 anos. Mesmo com o avanço de 29,7 anos, pondera Albuquerque, o país ainda está longe de alcançar a esperança de vida contabilizada em outros países. “No Japão, a expectativa é de 83,7 anos; na América do Sul, o Chile aparece com uma expectativa de 82 anos, o mesmo que em países europeus”, compara o pesquisador.

Centenários são minoria no Brasil

De acordo com o último Censo, apenas 0,01% da população brasileira tem 100 anos ou mais. Isso corresponde a 24.236 centenários. O estado com mais idosos nesta faixa etária é a Bahia, com 3,5 mil centenários, seguido de São Paulo, com 3,2 mil; e Minas Gerais, com 2,6 mil idosos com 100 anos ou mais. No Paraná, são 933 centenários, conforme o IBGE.

Albuquerque salienta que as diferenças entre estados com populações com mais de 65 anos se devem a diversos fatores, como a queda da mortalidade e o efeito das migrações. Um exemplo é a Paraíba, que passou a concentrar um percentual maior de idosos, de acordo com o Censo de 2010. No período, foi constatado que 8,6% da população era idosa, enquanto no Paraná, este índice é de 7,6%.

“Na Paraíba, temos uma situação que é o jovem saindo de lá. É diferente de um efeito de redução de mortalidade”, frisa o pesquisador. “Os óbitos violentos, por exemplo, faziam a diferença no Sul e Sudeste. Com a redução da mortalidade nestas regiões, estão aumentando no Norte e Nordeste”, pontua.

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