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A deputada estadual Janaina Paschoal (PRTB-SP).| Foto: Alesp

A deputada estadual Janaina Paschoal (PRTB-SP) tem sido uma das principais críticas de Jair Bolsonaro (PL) entre direitistas. Preterida pela base do ex-presidente durante as eleições e derrotada por Marcos Pontes (PL-SP) no pleito para o Senado, a parlamentar acusa alguns setores da direita de personalismo e falta de fidelidade a causas.

Ao contrário de outras figuras dissidentes da direita pró-Bolsonaro, Janaina não deixou de abordar as pautas de costumes no debate público depois de se afastar do ex-presidente. A luta pró-vida e a favor da liberdade de expressão, por exemplo, continuam sendo preocupações frequentes suas.

Em entrevista à Gazeta do Povo, ela critica os apoiadores de Bolsonaro que preferiram votar com base no alinhamento com o ex-presidente em vez de considerar as ideias dos candidatos. “Bolsonaro apoiou muita gente que não defende genuinamente as pautas da direita. São quadros que, rapidamente, negociarão com Lula. É triste!”, afirma.

As recentes decisões do governo Lula sobre o aborto, segundo Janaina, podem ser consideradas um efeito da negligência com os valores pró-vida por parte de alguns setores da direita. “Não foi surpresa nenhuma. Eu mesma avisei que Lula ganharia e seria preciso montar a resistência. A direita tacanha que estava no poder não me ouviu e deu no que deu. Os manifestantes, que foram abandonados por Bolsonaro, preferiram obedecê-lo a apoiar quadros que efetivamente apoiavam a pauta da vida."

Para a deputada, os atos do dia 8/1 e os “excessos do bolsonarismo” trouxeram um prejuízo para a direita difícil de ser sanado. “Demorará muito para que nos recuperemos. É triste”, comenta.

Confira a entrevista com Janaina Paschoal na íntegra.

O futuro da direita no Brasil após os atos do dia 8

“Entendo que mesmo antes desses atos os excessos do bolsonarismo prejudicaram muito a direita. Infelizmente, esses atos aprofundaram a estigmatização. Demorará muito para que nos recuperemos. É triste.”

A responsabilização pelos atos

“Sob o ponto de vista jurídico penal, eu tenho uma visão bastante restritiva. Entendo, inclusive, que essas prisões estão sendo realizadas de forma pouco técnica. Não obstante, sob uma perspectiva moral, penso que todos os que insuflaram são culpados, pelos atos e pela desgraça dos próprios presos, pois as consequências para eles será muito grave. Nesse sentido, o próprio Bolsonaro é moralmente responsável.”

As decisões recentes de Alexandre de Moraes

“Eu tenho muita resistência a decisões prolatadas de ofício, no âmbito penal. Já venho criticando essa prática há um bom tempo, inclusive os próprios inquéritos das fake news e dos atos antidemocráticos, que esses eventos do dia 8 findaram por legitimar.”

A prisão de milhares de participantes dos atos

“No âmbito penal, todas as medidas devem ser individualizadas, sobretudo as que restringem ou privam de liberdade. E, como há muitos vídeos, melhor seria tentar identificar quem efetivamente tomou parte nas depredações. Não me parece razoável prender todos invariavelmente.”

O posicionamento da OAB em relação aos atos

“Eu até estou surpresa com algumas críticas já feitas por parte da OAB. Eu nem esperava um posicionamento tão crítico, pois vejo a Ordem, infelizmente, muito dominada pela esquerda. Quanto às audiências [de custódia], além de ser prerrogativa do advogado participar, depois de ter acesso aos autos e ao próprio cliente, é também poder/dever do juiz decidir com liberdade.” [No caso dos presos pelos atos do dia 8/1, juízes só serão responsáveis por realizar a audiência de custódia, e quem dará a sentença para todos será o STF.]

As sinalizações pró-aborto no início do governo Lula

“Não foi surpresa nenhuma. Eu mesma avisei que Lula ganharia e seria preciso montar a resistência. A direita tacanha que estava no poder não me ouviu e deu no que deu. Os manifestantes, que foram abandonados por Bolsonaro, preferiram obedecê-lo a apoiar quadros que efetivamente apoiavam a pauta da vida.”

O que o Legislativo pode fazer para defender a vida

“Esses movimentos nem sempre dependem do Legislativo, vêm por meio de portarias, resoluções, medidas administrativas em geral.”

O risco de descriminalização do aborto via STF

“Recentemente, o STF limitou o tempo de vista. Haverá um acelerar dos trâmites desses feitos polêmicos. Não digo já, mas não deve demorar. Esta semana foi bem preocupante para esse tema. A velocidade está acelerada.”

O novo Legislativo mudou substancialmente para a direita?

“Não. Bolsonaro apoiou muita gente que não defende genuinamente as pautas da direita. São quadros que, rapidamente, negociarão com Lula. É triste!”

As decisões de Moraes e a liberdade de expressão

“Muito embora eu divirja de várias decisões recentes, não só do Ministro Alexandre, mas também de outros magistrados e das próprias plataformas, devo alertar que muitas pessoas exorbitaram instigando os infelizes com os resultados das eleições. Eu não entendo que tenham incorrido em crime, mas a instigação não está coberta pela liberdade de expressão. Nem tudo o que é tolerado em uma democracia é direito.”

A perspectiva para os próximos anos

“Sem mandato, fiz mais pelo País que muitos parlamentares. Vou seguir atenta e atuante, na universidade, na advocacia e nas redes sociais.”

Os planos para as próximas eleições

“Essa decisão ainda não está tomada. Vou esperar Deus me dar os sinais de onde e como serei mais útil.”

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