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Foz do Iguaçu – Pobres, sem escolaridade ou perspectivas econômicas e sociais. Esse é o perfil dos 265 jovens que foram assassinados entre 2001 e 2004 na região de Foz do Iguaçu, segundo pesquisa feita pela Universidade Estadual do Oeste (Unioeste), câmpus de Foz do Iguaçu, por solicitação da Vara da Infância e da Juventude de Foz, pela Fundação Nosso Lar e pela Itaipu Binacional. A pesquisa "Mortalidade de adolescentes em Foz do Iguaçu" levanta o histórico dos adolescentes de 12 a 18 anos, com dados do Instituto Médico Legal (IML) e Polícia Civil, além de entrevistas com 157 famílias.

A maioria dos casos de homicídios aconteceu com meninos (93%), cujas vítimas eram brancas (67%) ou pardas (26%). O poder aquisitivo também foi classificado como de famílias muito pobres (48%) ou apenas pobres (38%). Dos jovens executados no período, 46% tinha trabalho regular – sendo que desses, 78% trabalhavam no Paraguai –, mas nenhum deles exigia qualificação. Ainda segundo a pesquisa, 44% dos adolescentes desempenhavam atividades ilegais, como contrabando e tráfico de drogas.

"Descobrimos também que várias famílias tiveram mais de um jovem executado neste período", aponta Valtenir Lazzarini, diretor Administrativo e Financeiro da Fundação Nosso Lar, organização não governamental que desde 1996 administra três casas lares e um albergue da juventude. A pesquisa foi baseada em itens como organização familiar, escolaridade, trabalho e questões de sociabilidade, como religião, formas de diversão e comportamento social.

Segundo Lazzarini, o resultado do trabalho será lançado oficialmente junto com outros dois levantamentos socioeconômicos desenvolvidos no ano passado – um deles sobre a exploração do menor na Ponte da Amizade, que liga Foz do Iguaçu a Ciudad del Este, no Paraguai. "Os primeiros levantamentos sobre a exploração na fronteira nos motivaram a efetuar a pesquisa. O jovem que é aliciado pelo contrabandista logo passa a atuar no narcotráfico", destaca.

A pesquisa "Mortalidade de Adolescentes em Foz" também constata que a facilidade na obtenção de armas no mercado negro agrava o processo de banalização da vida na fronteira: 89% dos adolescentes assassinados em três anos foram vítimas de arma de fogo. Outro dado antecipado por Lazzarini é de que 33% dos adolescentes mortos haviam participado de alguma confusão em decorrência da falta de ocupação que aumenta a vulnerabilidade dos jovens e, proporcionalmente, a probabilidade de se envolverem em situações de risco.

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