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Hospital do Idoso: editais nem sempre preenchidos | Antônio Costa/Gazeta do Povo
Hospital do Idoso: editais nem sempre preenchidos| Foto: Antônio Costa/Gazeta do Povo

Geriatras

No Hospital do Idoso, opção foi montar equipes multidisciplinares

Em junho deste ano, a Gazeta do Povo publicou uma reportagem mostrando que, das oito vagas para geriatra oferecidas no recém-inaugurado Hospital do Idoso, no Pinheirinho, apenas quatro haviam sido ocupadas e clínicos gerais vinham suprindo a demanda de trabalho no local. Na época, havia a possibilidade de abertura de processo seletivo simplificado para contratação de novos profissionais para o local.

Atualmente, dos oito geriatras do hospital, cinco são titulados e três fizeram a especialização e esperam a emissão do título pelo Conselho Federal de Medicina (CFM). Segundo a secretária municipal da Saúde em exercício, Anna Paula Penteado, a dificuldade de preenchimento dos quadros do Hospital do Idoso se deve ao mesmo motivo encontrado nos CMUMs: falta de profissionais capacitados que queiram trabalhar em hospitais públicos. "O número de geriatras no Paraná é pequeno e o mercado é muito promissor na área privada, então temos dificuldade em atraí-los."

Integração

Para essa dificuldade não comprometer os atendimentos, a opção foi tornar o hospital um espaço composto não apenas por geriatras, mas por uma variedade de profissionais importantes na atenção à saúde dos idosos. "A proposta inicial era ter geriatras, mas não apenas eles, a equipe deve ser multidisciplinar, com cardiologistas, endocrinologistas, intensivistas e radiologistas, que devem atuar de forma integrada."

Anna Paula diz que caberá à nova gestão [que assume em janeiro de 2013] avaliar o quadro e decidir se acha necessário aumentar o quadro de médicos á-lo ou mantê-lo como está.

Médicos de menos?

Há poucos médicos ou o poder público não consegue competir com o mercado em relação a salários e condições de trabalho?

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Em fevereiro deste ano, o governo estadual finalizou um concurso para contratação de médicos para o Hospital do Idoso Zilda Arns, em Curitiba. Sem conseguir preencher todas as vagas, a Fundação Estatal de Atenção Especializada em Saúde em Curitiba (Feaes), criada pela prefeitura para contratar os profissionais de Medicina, assumiu a tarefa de abrir processos seletivos simplificados (PSS), feitos sem aplicação de provas, mas com análise de currículos, para contratação em regime de urgência de médicos por um ano para suprir a demanda.

De abril deste ano para cá, ao todo, foram 11 chamadas – nove das quais solicitando médicos – e, mesmo não preenchendo todas as vagas colocadas à disposição, a Secretaria Municipal de Saúde garante: não há déficit no número de profissionais nas unidades do Centro Municipal de Urgências Médicas (CMUM) e no Hospital do Idoso. "Dentro da nossa proposta para este ano, as vagas foram preenchidas. Fechamos agosto com a contratação de 645 médicos para emergência e 108 para o Hospital do Idoso", explica a secretária de Saúde em exercício, Anna Paula Penteado.

Para a diretora do Sindicato dos Servidores Públicos Mu­nicipais de Curitiba (Sismuc) Irene Rodrigues, a opção pela contratação por meio de PSS pode até ajudar a desafogar os CMUMs, mas camufla condições de trabalho cada vez mais precárias. "Com o PSS, não há vínculo com o hospital, o trabalho é temporário e não há segurança para desempenhar sua função."

Anna Paula diz que a meta estipulada pela secretaria é de que haja nove ou dez médicos por plantão em cada CMUM, completando 7,6 mil horas de plantão médico em cada unidade por mês, índice que teria sido alcançado com as contratações por PSS. "A escala é 50% superior ao que o Ministério de Saúde estabelece para unidades de pronto atendimento com estrutura parecida com a nossa."

Um ponto que ajuda no atendimento da demanda é que os médicos contratados por concurso público fazem 20 horas semanais e têm a opção de fazer horas extras. Entre os selecionados por PSS, os contratos variam de 60 a 180 horas mensais. "Por isso, o número de médicos é menos importante que o número de horas que cada um trabalha: com mais horas trabalhadas, o número de profissionais necessários diminui."

De acordo com a secretária em exercício, a contratação via concurso público tem prazos muito extensos, o que impede a recomposição ágil do quadro de funcionários. "Se você abre um concurso, só vai dispor desse profissional para trabalhar dali 180 dias. Em algumas situações, isso é inviável, por este motivo a opção pela contratação imediata."

Forma de contratação não é "estimulante"

Os editais de abertura e convocação para os profissionais que atuariam nos CMUMs e no Hospital do Idoso mostram a dificuldade de preenchimento de todas as vagas. No último processo seletivo lançado pela fundação estatal, em agosto deste ano, das 100 vagas abertas para médicos para atuar no Samu e em CMUMs, foram preenchidas apenas 59. No anterior, das 200 vagas oferecidas para atuar no Samu e em CMUMs, 36 foram preenchidas. Para o Hospital do Idoso, somente um candidato foi aprovado, quando eram solicitados seis profissionais.

Na avaliação da secretária Anna Paula Penteado, o motivo da procura reduzida é a falta de profissionais no mercado, já que o número de graduados em Medicina no Brasil estaria aquém da demanda de profissionais exigida pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

Já para o presidente do Sindicato dos Médicos do Para­ná, Mario Antonio Ferrari, as vagas não são preenchidas porque salários e condições de trabalho não são atrativos. "Não faltam profissionais. O que falta é um modelo de gestão que atraia as pessoas e desperte o interesse em trabalhar sabendo que haverá reconhecimento e condições de trabalho satisfatórias. O trabalho nos CMUMs não é fácil, a prefeitura precisa oferecer boa remuneração e plano de carreira para compensar isso."

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