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O corpo da jornalista e ambientalista Teresa Urban, que morreu na noite desta quarta-feira (26) em Curitiba após sofrer um infarto, foi cremado às 17 horas desta quinta-feira (27) no crematório Vaticano, em Campina Grande do Sul, na região metropolitana de Curitiba. Teresa tinha 67 anos e estava internada no Hospital Vita, na capital, desde terça-feira (25).

Em nota publicada no site da Prefeitura, o prefeito de Curitiba, Gustavo Fruet (PDT), lamentou a morte da jornalista. "Teresa foi pioneira na discussão de temas relacionados à sustentabilidade, que hoje estão no centro das preocupações de todos os governantes. Com seu senso crítico e sua inteligência aguda, ela vai fazer muita falta para a cidade", disse Fruet à Agência de Notícias da Prefeitura.

O Fórum Paranaense de Resgate da Verdade, Memória e Justiça também se manifestou a respeito da morte de Teresa, que foi militante política e sofreu torturas durante a ditadura militar no Brasil. "Teresa acima de tudo foi uma humanista, que lutou para melhorar o Brasil. Por sua luta e por sua história de vida, o Fórum Paranaense de Resgate da Verdade, Memória e Justiça expressa grande pesar e oferece todo o conforto à família e amigos, que sentirão falta desta grande ativista", escreveram em nota.

Política e meio ambiente

Teresa Urban nasceu em 1946 e foi da segunda turma do curso de Jornalismo da Universidade Federal do Paraná (UFPR), em 1965. Ao ingressar no curso, já participava da Polop (Organização Revolucionária Marxista Política Operária), movimento de esquerda radical que queria dar o poder ao operariado. Na universidade, continuou sua militância, tendo participado de todas as manifestações estudantis anteriores ao Ato Institucional N.º 5, em dezembro de 1968. Não há episódio importante do período do qual não tenha tido contato, sobre os quais nunca se negava a falar, tornando-se a voz mais contundente sobre a memória dos "anos do chumbo" no estado. Uma de suas especialidades, por exemplo, era a guerrilha camponesa no interior do Paraná, assunto ainda hoje pouco explorado.

O ano de 1968, aliás, tornou-se o título de um de seus livros, espécie de manual e quadrinhos com o intuito de explicar o movimento daquele ano para adolescentes. Os jovens fariam para sempre parte de sua militância. Os "Ecoberrantes " – como ficaram sendo chamados os participantes da luta ambiental no Paraná, reuniam-se na casa de Teresa, no bairro Jardim das Américas.

O combate à ditadura militar rendeu a Teresa não só a interrupção dos estudos como dificuldade para ingressar na vida profissional. Ela se diplomou "não sei como", brincava. Mas tinha antecedentes criminais. Além do exílio no Chile, no início dos anos 1970 (70-72), passou meia dúzia de vezes pela prisão.

Sua história é um dos capítulos mais tocantes da resistência à ditadura no Paraná: por interferência de dom Pedro Fedalto junto aos militares, Teresa foi transferida para o convento das irmãs Vicentinas, na Avenida Manoel Ribas. Saiu dali para um quase ostracismo. Não conseguia emprego. Até ser contratada no jornal semanal "A Voz do Paraná", da Arquidiocese de Curitiba, no final dos anos 70. Deu início ali a uma carreira que teria participações em sucursais dos jornais "O Estado de S. Paulo" e "O Globo", e na revista "Veja", entre outros, firmando-se como uma pioneira no jornalismo ambiental.

Não abandonou a militância e a imprensa. Sempre a postos para projetos na área ambiental e de direitos humanos, reportou e escreveu sobre a Chácara dos Meninos de 4 Pinheiros, por exemplo, sobre as populações ribeirinhas e sobre agricultura familiar em Mandirituba. Era incansável.

Seu primeiro livro, "Boias-frias — Vista Parcial", foi lançado em 1984. Desde então foram mais de 20 obras. Sua única obra de ficção, "Dez Fitas e um Tornado", um suspense, foi lançado no mês passado (leia a matéria da Gazeta do Povo sobre o lançamento). Em 2011, foi uma das personalidades que conversaram com repórteres da Gazeta do Povo na série "Entrevistas".Ainda em sua atuação na área ambiental, mapeou os remanescentes da floresta de araucárias no estado e desenvolveu projetos em conjunto com a Sociedade de Pesquisa da Vida Selvagem (SPVS) e as ONGs SOS Mata Atlântica e Mater Natura. Ajudou a criar a Rede Verde de Informações Ambientais. Também atuou no Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conam).

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