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O deputado estadual Luiz Cheida usa o seu Facebook por meio de um tablet, na Assembleia Legislativa do Paraná | Henry Milleo / Gazeta do Povo
O deputado estadual Luiz Cheida usa o seu Facebook por meio de um tablet, na Assembleia Legislativa do Paraná| Foto: Henry Milleo / Gazeta do Povo

Dicas

Confira algumas sugestões de especialistas sobre o uso dos sites de relacionamento:

Para pais

- Estabeleça horários para o uso da internet. A criança ou adolescente também precisa brincar, praticar esportes e estar com amigos.

- Verifique as redes sociais que os seus filhos navegam, principalmente os mais novos.

- Explique que o computador é um instrumento de estudo, lazer e comunicação, mas que deve ter um uso limitado.

- Converse sempre sobre a exposição que o usuário tem na rede.

Para jovens e adultos

- Não gaste tempo demais do seu dia nas redes sociais.

- Observe se a preferência pelo computador a outras atividades é constante.

- Não cultive mais amigos virtuais que reais.

- Não se exponha excessivamente. Isso pode ser prejudicial para a vida pessoal e profissional.

No trabalho

- Respeite sempre a política de mídias sociais da empresa.

- Tenha bom senso nas publicações.

- Não fale mal da concorrência, nem dos seus colegas.

Londrina - Ao mesmo tempo em que as redes sociais trouxeram benefícios para a comunicação interpessoal, elas também passaram a ser ferramentas que prestam desserviços à sociedade. Manifes­tantes usam sites de relacionamento, mundo afora, para promover ataques e até nas salas de aula, por exemplo, o Facebook passou a ser o meio usado para insultos entre professores, alunos e pais. Com o intuito de inibir estes tipos de ações, vários países começaram a adotar meios de controle das mídias sociais. No Brasil, as iniciativas existentes ainda são tímidas e se resumem aos ambientes de trabalho.

Para os crimes virtuais que acontecem no país, aplica-se a legislação comum. A falta de uma lei específica, porém, não impede a punição, segundo a advogada especialista em direito eletrônico Camilla Jimene. "95% das situações ilícitas do meio eletrônico são resolvidas pela lei comum. O Brasil já tem mais de 20 mil decisões proferidas relacionadas a situações eletrônicas", afirma. No quesito prevenção, por outro lado, o controle maior das redes sociais ainda é exercido pelas empresas. No ano passado, uma pesquisa feita em 35 países pela Manpower, companhia norte-americana de recursos humanos, mostrou que as empresas brasileiras são as que mais controlam o uso de mídias sociais. Segundo o levantamento, que ouviu 34 mil empregadores de todo o mundo, 55% das empresas brasileiras têm alguma política de restrição, contra 20% da média global.

Em nome da produtividade, os 1,1 mil funcionários da Bratac (empresa de Londrina – Paraná – de fiação de seda) não podem acessar redes sociais no trabalho. Através de um software de gerenciamento, o acesso aos sites é bloqueado. "A empresa acredita que atrapalha a produtividade do colaborador. Algumas redes mandam mensagens por e-mail, informando as atualizações. É tentador checar", justifica a gerente de TI, Kazue Matsuda.

No Colégio Universitário de Londrina, as mídias sociais estão proibidas. "Na rede da escola o acesso é bloqueado, mas os alunos podem acessar pelo smart­phone ou tablet. Em geral, não temos problemas porque o aluno sabe que, se é proibido, tem sanções", explica o diretor do colégio, José Antônio Lima.

No mundo

Em agosto deste ano, uma onda de saques e depredações em cidades britânicas fez com que o primeiro-ministro, David Cameron, cogitasse suspender o acesso a redes sociais no país. Facebook e Twitter estavam entre as ferramentas usadas pelos manifestantes para promover os ataques. Na mesma época, a polícia de Nova Iorque anunciou a criação de um departamento de monitoração de redes sociais para prever possíveis motins. Recentemente, o governo chinês anunciou que também pretende intensificar o controle sobre as mídias sociais.

Nos Estados Unidos, uma lei aprovada no estado de Missouri vai proibir, a partir do ano que vem, que professores e alunos sejam amigos em redes sociais e sites que permitem comunicação pessoal privada. O delegado da Polícia Civil do Rio Grande do Sul, Emerson Wendt, não vê razão para leis tão específicas como essa no Brasil. "Temos casos de professores processando pais de alunos e alunos processando professores em razão de comentários publicados em redes sociais. Mas o uso moderado evita esse tipo de coisa", afirma.

Especialista em crimes virtuais e membro da Associação Internacional de Investigação de Crimes de Alta Tecnologia, Wendt lembra que, nas redes sociais, atitudes banais podem ter consequências inesperadas. "Um dirigente de uma empresa de São Paulo publicou um comentário crítico sobre um time de futebol que, por acaso, era patrocinado pela empresa. Acabou demitido", conta.

Amizades carecem de contato físico

Não faz muito tempo que, para se comunicar ou se reunir em grupo para dividir experiências, a presença física era insubstituível. Era assim que as amizades funcionavam. Hoje, é praticamente impossível ignorar o papel das redes sociais nas relações.

Essa interferência, segundo a psicóloga e professora da Universidade Estadual de Londrina Carla Braga traz aspectos positivos e negativos para as relações humanas. "São ferramentas de muita utilidade. O que causa prejuízo é quando as relações virtuais passam a ser o único ou o principal meio de estar em contato com as pessoas", explica.

Privar-se de relações reais, segundo ela, tira a oportunidade de enfrentar as dificuldades e diferenças na relação real. "Quando você é frustrado, você pode simplesmente deletar a pessoa na rede. Isso, na vida real, não é possível. Na maioria das vezes, é preciso enfrentar os conflitos", pondera a psicóloga.

A antropóloga e professora da Universidade Federal do Paraná, Selma Baptista, lembra que as redes sociais podem ser úteis para manter amizades separadas pela distância ou pelo tempo, além de unir pessoas com interesses comuns. Ela também ressalta, contudo, o efeito negativo provocado pelo isolamento. "Há pessoas que se tornam dependentes de um mundo irreal, onde não há inibição, onde elas são donas da situação e não precisam se expor a negociações com os amigos", explica.

Até mesmo as amizades entre crianças são influenciadas pelas redes sociais, segundo Selma. "Hoje, é mais difícil para os pais conhecerem os amigos dos filhos. Antes, eles batiam na porta e frequentavam as casas dos amigos. Agora, eles se relacionam mais pelas redes mesmo."

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