
O curitibano está mais cada vez mais consciente da importância do combate à violência contra a mulher, mas ainda há aqueles que se negam a "meter a colher em briga de marido e mulher" e que acreditam no amor de quem agride a companheira. Essas constatações fazem parte de um estudo encomendado pela Prefeitura de Curitiba, que ouviu 1,6 mil pessoas no último mês de novembro nas nove regionais da capital.
INFOGRÁFICO: Confira o resultado da pesquisa sobre a violência doméstica
Do total de entrevistados pelo Instituto Bonilha, responsável pela pesquisa, 98% disseram conhecer a Lei Maria da Penha mas 76% disseram que a forma como a Justiça pune não é suficiente para proteger a mulher. Para Sandra Lia Leda Bazzo Barwinski, presidente da Comissão de Estudos à Violência de Gênero da OAB-PR, esses dados mostram avanço na percepção da população sobre esse crime. A advogada ressalta, porém, que a pesquisa aponta para clichês que ainda precisam ser desmontados.
"As pessoas ainda não 'metem a colher' porque não sabem como agir. A maioria ainda acredita que agredir é algo normal e que, ao denunciar, depois o casal se reconcilia e ela fica como a responsável pela denúncia", afirma.
O velho ditado "em briga de marido e mulher ninguém mete a colher" recebeu a aprovação de 42% dos entrevistados (29% concordam totalmente e 13% concordam em partes). Já outros 20% disseram discordar totalmente ou em partes da afirmação "quem ama não bate" e 25% acreditam que "mulher que apanha é porque provoca".
Por conta desses porcentuais, a secretária municipal da Mulher, Roseli Isidoro, disse que o combate a esses tabus será uma das prioridades da prefeitura no combate à violência doméstica. "Ao meter a colher você pode salvar a vida de uma mulher. Acredito que só desmontaremos esses clichês com muita campanha e, por isso, está reservado R$ 1,4 milhão para campanhas de conscientização sobre a Lei Maria da Penha e esses tabus".
O levantamento também mostrou que a população da capital considera o ambiente doméstico mais propenso para atos de violência contra as mulheres e que 74% concordam totalmente com a afirmação de que agressões físicas e verbais contra companheiras podem levar a um assassinato.
De acordo com o último Mapa da Violência divulgado pelo Instituto Sangari, Curitiba teve 95 homicídios femininos em 2010 uma taxa de 4,7 por 100 mil, a 21.ª entre as capitais brasileiras. O Paraná, entretanto, ocupa a terceira colocação nesse ranking foram 338 casos em 2010, taxa de 6,3. O índice paranaense está acima da taxa nacional (4,4 homicídios femininos).



