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O litoral do Paraná vive uma de suas piores tragédias climáticas, com o registro de enxurradas e deslizamentos. Quase 20 mil pessoas foram atingidas, centenas estão em abrigos e casas de parentes e duas morreram. Diante desse cenário fica a pergunta: como prevenir?

A resposta não é uma só e há muitas variáveis envolvidas. Um dos fatores é a quantidade de pessoas morando em áreas de risco. Em locais perto de rios e em encostas de morros é bem maior a chance de ocorrerem enxurradas e deslizamentos. Ocupações irregulares em áreas de risco estão espalhadas em 95% do território nacional. Muitas vezes são pessoas que não têm para onde ir e improvisam moradias, evidenciando a falta de políticas públicas.

Se as pessoas estão em áreas de risco e não há como removê-las, entra em cena outro fator: o monitoramento. Nesse sentido, é fundamental saber quantas pessoas estão em risco e como proceder em caso de chuva forte. O Paraná, por exemplo, ainda não tem um mapeamento completo de quantas pessoas estão nesta situação. O levantamento está em curso e a primeira fase já foi concluída. Um dos resultados é que o estado vem registrando um desastre a cada dois dias e meio (incluindo tanto os naturais quanto os provocados pela ação humana).

Também é essencial que os municípios tenham sua Defesa Civil bem estruturada, responsável pela prevenção e atenção às vítimas. Quatro entre dez municípios do Paraná não têm Defesa Civil. Nos demais, ela está mal estruturada, o que já foi tema de reportagem da Gazeta do Povo no mês passado. A matéria mostrou, por exemplo, que em Morretes, um dos municípios mais atingidos pela chuva nos últimos dias, a maior parte do trabalho ainda é realizada pelo estado, via 8ª Coordenadoria Regional de Defesa Civil, com sede em Paranaguá.

Para os órgãos de prevenção agirem, eles também precisam receber informações sobre os riscos climáticos. O governo federal anunciou no começo do ano a implantação de um Sistema Nacional de Alerta e Prevenção de Desastres Naturais, a partir de um cruzamento de dados meteorológicos, mapeamento das áreas de risco do Brasil e capacidade de atendimento dos municípios. A implantação do Sistema já teve início, mas a conclusão está prevista para terminar só em 2015, mesmo diante da urgência evidenciada em tragédias recentes.

*Bruna Maestri Walter é repórter da Gazeta do Povo e cobriu três tragédias causadas pela chuva: Santa Catarina (2008), Alagoas/Pernambuco (2010) e Rio de Janeiro (2011).

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