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Mesmo com a ampliação severa da redução da pressão da água na rede e com o início da cobrança de multa para quem aumentar o consumo, o déficit do Sistema Cantareira cresceu 41% em janeiro, em relação ao mês anterior. A diferença entre o volume de água que entrou no manancial e o que saiu para abastecer 12 milhões de pessoas na Grande São Paulo e na região de Campinas ficou negativa em 21,7 bilhões de litros, fazendo o sistema perder 2 2% da capacidade em pleno período em que deveria subir. Em dezembro de 2014, o saldo foi de menos 15,4 bilhões de litros.

O balanço mostra que todas as ações adotadas pela Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) para tentar evitar o colapso do maior sistema de abastecimento de água paulista têm sido insuficientes até agora. As medidas mais recentes foram a sobretaxa de até 100% na tarifa de água para quem consumir mais agora do que antes da crise, em vigor desde o dia 8, e a ampliação da redução da pressão na rede, que tem começado às 13 horas na maioria dos bairros da capital e deixado famílias sem água por mais de 18 horas ao dia.

Apesar dos esforços para reduzir a retirada de água do Cantareira em 7%, de 19,9 para 18,5 mil litros por segundo entre dezembro e janeiro - há um ano, a saída era de 33 mil litros por segundo -, a vazão afluente (volume que entra) nos reservatórios caiu 34% em relação ao mês anterior, atingindo apenas 8,4 mil litros por segundo.

Esponja

Com essa média, o manancial registrou o janeiro mais seco em 85 anos de medições, batendo janeiro de 2014, quando a crise do Cantareira foi declarada pela Sabesp. O que preocupa especialistas e autoridades é o fato de que neste primeiro mês do ano choveu 68% a mais nos reservatórios do que no início do ano passado, 147,8 e 87,8 milímetros, respectivamente. Mas o volume de água que efetivamente entrou no sistema agora foi 41% menor.

"Esse é o efeito esponja sobre o qual tanto falamos. Quanto mais seco o solo estiver, mais água ele absorve. É preciso chover muito acima da média para recarregar o lençol freático antes, para depois aumentar o nível das represas", explica o engenheiro e especialista em hidrologia José Roberto Kachel.

Diante deste cenário, a Sabesp não descarta implementar um rodízio no abastecimento de água da Grande São Paulo, caso a seca nos mananciais continue crítica em fevereiro. A medida não é adotada oficialmente desde 2000, quando houve um racionamento de três meses na região do Sistema Guarapiranga.

Conforme o Estado apurou, a saída mais provável estudada pela Sabesp é um rodízio de 4 dias sem água e 2 dias com, o esquema mais drástico desde a construção do Sistema Cantareira, em 1974. De acordo com fontes ligadas à empresa, só esse racionamento resultaria em uma economia de água maior do que a já obtida hoje com a redução da pressão. Oficialmente, a Sabesp e o governador Geraldo Alckmin (PSDB) afirmam que nenhuma decisão foi tomada a respeito.

Para Adriana Cuartas, hidróloga e pesquisadora do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), do governo federal, o rodízio no abastecimento de água em São Paulo deveria ter sido adotado no início da crise. "Se ele tivesse sido iniciado há um ano, quando os reservatórios já estavam em situação crítica, seria menos drástico. Agora, certamente será pior", afirma.

Conforme o Estado revelou em agosto, a Sabesp fez um plano de rodízio para o Cantareira em janeiro de 2014 de dois dias com água e um dia sem, que resultaria em uma economia de 4,2 mil litros por segundo, ou 120 bilhões de litros no ano passado. A medida, porém, foi vetada pelo governo, que achou o plano "inadequado". As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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