O delegado Pedro Luiz Pórrio, seis investigadores e dois agentes policiais foram expulsos da Polícia Civil de São Paulo, segundo decreto publicado no Diário Oficial do Estado no último sábado. Pórrio é acusado de extorquir, em 2006, quando trabalhava no Departamento de Investigações sobre Narcóticos (Denarc), o megatraficante colombiano Juan Carlos Ramirez Abadia, preso um ano depois em um condomínio de luxo na Grande São Paulo. O processo que causou a expulsão do delegado e dos demais policiais civis, no entanto, envolve extorsão e tortura contra um traficante de Campinas, no interior paulista, em 2007.

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Na ocasião, segundo investigações da Corregedoria da Polícia Civil e do Ministério Público, os nove policiais teriam exigido do traficante pelo menos R$ 35 mil e apreendido, sem autorização da Justiça, dois veículos pertencentes a integrantes do grupo dele. Pórrio, na época, chefiava a Delegacia Seccional de Osasco, na Grande São Paulo. No fim de 2007, ele chegou a ficar preso por 54 dias Presídio Especial da Polícia Civil (PEPC), na Zona Norte da capital paulista.

Além de Pórrio, foram expulsos da Polícia Civil os investigadores Antonio Caballero Curci, Francisco Nascelio Pessoa, Luis Cláudio de Oliveira, Pablo Ricardo Pereira Xavier, Regina dos Santos e Sandro dos Santos, além dos agentes policiais Daniel Ferreira Dutra e Eduardo da Silva Benevides.

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O megatraficante colombiano Juan Carlos Ramirez Abadía - que chegou a ser considerado pelo FBI, a polícia federal, o homem mais perigoso do mundo depois de Osama bin Laden, foi extraditado para os Estados Unidos em agosto de 2008, após condenado a 30 anos de prisão no Brasil. Ele é acusado, entre outros crimes, de lavagem de dinheiro, vários homicídios e de chefiar um cartel colombiano que mandava cocaína para os Estados Unidos, o do Vale do Norte.

Em depoimento à Justiça Federal brasileira, em 2007, Abadía relatou que teve que pagar propinas milionárias a policiais brasileiros enquanto este no país. Numa delas, teria desembolsado US$ 300 mil para que policiais do Denarc libertassem um integrante de seu grupo, identificado por ele como Henry Lagos, o Patcho. De acordo com o traficante, o prédio do Denarc serviu de cativeiro e policiais queriam, inicialmente, US$ 1 milhão.